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Reflexões

Sinta o que os Símbolos comunicam

O Bisão (Búfalo), simbolicamente, nos solicita: Orem/Meditem/Concentrem-se na Harmonia e Paz entre Todos os Seres. Representa a Criatividade da Terra, a Abundância, o Conhecimento da Alma da Natureza, a Generosidade, a Hospitalidade, o Compartilhamento de Trabalho, a Coragem, a Proteção e a Força necessária para vencer os desafios pelos quais passamos, a Formulação de Planos Benéficos que atendem a todos, de conformidade com a medida de cada um. Nos convida a andar pelo Caminho Sagrado, honrado. Nos convida a ajudar a estabelecer uma profunda conexão com a Mãe Terra e o Pai Céu para que possamos ser co-criadores em todos os processos da Vida no Planeta.

Lenda da Mulher do Búfalo Branco  –  Esta Lenda existe há mais de 2000 anos e é originária da Nação Lakota, um dos povos mais relevantes dos chamados Turtle Islands, na América do Norte.

Conta a Lenda que a Mulher do Búfalo Branco apareceu em nosso Mundo durante um período de muita fome, de guerras e desavenças entre vários povos. A história se inicia com dois jovens Lakota, dois guerreiros que passeavam com seus cavalos magros buscando algo para caçar quando, de repente, vislumbraram no horizonte uma figura feminina envolta em uma luz cálida, em uma bruma de fascinantes clarões de luz.

A Mulher estava acompanhada de um Filhote de Búfalo Branco. Era alta, esbelta e usava um vestido com bordados sagrados, uma pluma no cabelo e folhas de sálvia na mão. Era muito bonita, tanto que um dos jovens guerreiros não hesitou em aproximar-se com o desejo de tê-la sensualmente para si. No entanto, e antes que pudesse sequer tocar a sua pele, uma nuvem escura pairou sobre ele disparando um raio de fogo. Ficou carbonizado em poucos segundos.

O outro jovem guerreiro se ajoelhou imediatamente, aterrorizado, entendendo que teria o mesmo destino. No entanto, para sua surpresa, a bela Mulher tocou seus cabelos e, falando em seu idioma, lhe disse que era uma Wakan (O Grande Espírito, O Grande Mistério, O Sagrado, Aquela que Conhece os Mistérios da Criação) e que tinha vindo para auxiliá-los.

A Mulher Sagrada foi recebida com muita reverência no Povoado Lakota. Em reconhecimento a sua Presença Sagrada, prepararam-lhe a melhor tenda, ofertaram-Lhe o que tinham de mais precioso: algumas raízes, alguns insetos, ervas secas e água fresca e, ao acomodá-la no interior, a manhã se transformou em crepúsculo e uma luz de cor âmbar com raios rosados envolveu aquelas Terras por onde se estendiam a fome e a miséria. Depois disso, a Mulher Búfalo Branco os chamou para dar voltas ao redor das tendas para honrar o Sol, para criar um círculo de força com a Vida e agradecer. Mais tarde, apresentou-lhes uma série de práticas espirituais, formas de Reverenciar a Natureza, orando com palavras corretas e proferindo ritos ancestrais que o Povo Lakota já havia esquecido completamente.

E, mesmo já o povo havendo esquecido os Conhecimentos de Sabedoria, Ela os convidou a entoar cânticos para fazer a Terra Feliz. Melodias, versos e entonações que deveriam ser dirigidas às quatro  direções do Universo. Lembrou também a importância de se praticar a Cerimônia do Cachimbo da Paz, onde homens e mulheres deveriam se reunir para honrar as suas almas, para honrar o próprio grupo e a sua União com o Universo.

A Mulher do Búfalo Branco se despediu indicando-lhes que enquanto fizessem todas estas cerimônias sagradas e cuidassem da Terra, Ela os protegeria. Antes de partir, trouxe do horizonte uma extensa manada de búfalos preto. Eram tantos que as montanhas se cobriram de escuridão e o solo tremia debaixo dos pés. O mundo bombeava novamente uma renovada força frente à chegada desses animais que representava a sobrevivência para os nativos americanos. E, a partir deste dia, o búfalo passou a  fornecer alimento para as pessoas, pele para suas roupas e tendas e ossos para todas as suas ferramentas. Ao partir, a Mulher do Búfalo Branco se despediu dizendo: Eu os verei novamente.

O Sapiens, o Planeta e Todos os Seres

Todos nascemos com um quantum mínimo de consciência diferenciada. O extraordinário desafio existencial é, gradualmente, acordar e exercitar uma forma muito especial de percepção que nos permite transcender a ideia de separatividade e nos transportar para a experiência direta da Unidade que existe na Teia da Vida.

As múltiplas faces de uma Pandemia

Sob olhares atônitos, testemunhei esta semana um episódio que me provocou um misto de reflexão e acentuada preocupação.

Estava fazendo uma refeição em um Café quando, inesperadamente, o agradável som ambiente do espaço cedeu lugar a uma voz feminina desesperada, em verdadeiro pânico que dizia: “A máscara, a máscara, a máscara. Você está contaminando todo mundo. Chame a polícia. Chame a polícia.” Não havia absolutamente nenhuma dúvida em sua sentença! Para a percepção da Moça a pessoa que se aproximava dela, recém tendo se levantado de uma das mesas e que se dirigia ao caixa sem, ainda, ter colocado a sua máscara, inegavelmente, estava contaminada e, portanto, indubitavelmente, era um perigo real e iminente. Levantei o olhar na direção aonde tudo acontecia e me deparei com uma moça elegantemente vestida e com um rapaz que silenciosa e resilientemente “vestia” a sua máscara. A Moça aparentava ser alguém com muito poder aquisitivo e, possivelmente, academicamente bem formada. Ao testemunhar tudo isto, de pronto, instantaneamente, me veio à mente a constatação de que quando Phobos e Deimos (divindades Gregas) se apossam de nossas mentes, corações e vísceras a fina camada de verniz civilizatório se dilui deixando emergir toda a nossa condição de seres naturais em processo de autopreservação. O aplicativo evolutivo chamado Razão, Discriminação, que propiciou os primeiros passos em direção à construção do Homo Sapiens, naquele momento se diluiu por completo. A moça, de fato, psiquicamente “viajou” instantaneamente para trás no tempo. Retrocedeu milhões de anos e foi visitar os nossos ancestrais mais remotos que viviam basicamente em continuado estado de alerta para garantir a sobrevivência. Nem mesmo a sua possível bem estruturada condição racional moldada pelos processos acadêmicos e nem a sua condição social relativamente blindada a protegeu de Phobos e Deimos…

O que subjaz a este contexto e é preocupante? É algo sutil, insidioso que emerge da exacerbação de fatos reais e que lenta e quase que invisivelmente vai nos “possuindo” e nos governando. No presente momento qual o fato real em se tratando de evento coletivo? A Pandemia. O que emerge deste fato? A certeza de que todos são meus inimigos, pois, a qualquer momento, podem me levar ao colapso biológico, ou seja, à morte. Nesta linha de raciocínio, de que todos são meus inimigos, consciente ou inconscientemente, subjetiva e concretamente, nos sentimos num campo de guerra e, sem saber, acordamos em nosso Psiquismo um Panteão de deuses esquecidos, aparentemente vencidos pela Razão.

Como estes deuses retornam do mundo subterrâneo de nossas memórias? Pode ocorrer de diferentes formas e por diferentes motivos. Contudo, neste momento, devido a intensidade das emoções de medo que Mundo experiência, acordamos o grandioso deus da Guerra Ares (Marte) e seus dois filhos gêmeos Phobos e Deimos em nossos corações e em nossas mentes (Mitologia Greco Romana). Para vencer seus inimigos nas batalhas, Ares contava com o auxílio de Phobos que inoculava nos corações e mentes dos inimigos a covardia e o medo que fazia com que fugissem do campo de batalha, enquanto que seu irmão Deimos injetava o terror fazendo com que as tropas inimigas abandonassem a formação, que propiciava a coesão, a estrutura e a força de seu exército, e fugissem aterrorizados e desordenadamente. Para tornar a situação mais dramática ainda, Ares também conseguia levar consigo para as batalhas suas duas poderosas irmãs: Eny, a deusa da Guerra e Eris, a deusa da Discórdia.

Uma vez que, pelo menos a princípio, estes deuses Gregos são personificações das emoções mais primárias e desgovernadas que assolam o psiquismo individual de toda a vida no planeta (Seres Naturais e Humanos), a questão, por excelência, é: quantos de nós sobreviverá lucidamente, sem colapsar em algum grau, a esta “Guerra” chamada Pandemia – Covid 19? E o que ocorre quando estes deuses (personificações de temas repertório da vida) escapam do psiquismo individual e tornam-se uma “legião”, uma certeza concreta e coletiva na vida cotidiana de todos? Ou seja, quando não mais são tão somente habitantes de um mundo psíquico e migram como personagens vivos e concretos para a vida cotidiana? O que pode se desdobrar deste fenômeno de extravasamento de uma realidade psíquica para uma realidade concreta? Infelizmente, desequilíbrio seguido de barbárie.

Para que possamos assimilar esta primeira parte do fenômeno psíquico que ocorre quando experenciamos algo tão extremo como o que ora vivemos, a diferentes faces de uma pandemia será abordada em nosso artigo de quarta-feira.

Em continuidade ao nosso texto anterior, As múltiplas faces de uma Pandemia, incluiremos em nossas reflexões mais um personagem interessante: o deus Pã. Agora temos um Panteão (Templo de todos os deuses) de peso “acordado” e em movimento dentro de nosso psiquismo. Sobreviveremos? Quanto de pressão conseguimos suportar antes de estilhaçar a nossa estrutura mental emocional?

Pergunta de delicada resposta uma vez que nós sabemos, prevalentemente, em épocas de adversidade. Como diria o extraordinário sábio Confúcio: “A adversidade revela o homem para si mesmo”! Contudo, podemos arriscar a dizer que os Seres que conseguem administrar mais apropriadamente as crises são aqueles que, em épocas de tranquilidade, trabalham fortemente sobre o seu próprio progresso psicológico emocional. Considerando que poucos de nós assim procede, existe uma grande probabilidade de um número considerável de pessoas sucumbirem de forma irremediável, um outro tanto ficarem aprisionadas em um permanente estado de alerta e em prontidão de autopreservação. Uma outra parcela de pessoas, também tocadas pelo fenômeno coletivo, se sabendo alcançadas e feridas pelo medo, escolherão um relacionamento discreto e cauteloso com o mundo, sobretudo, com as pessoas e, um tanto processará os efeitos adversos desta grande experiência e a superará. Por esta razão, a otimista ideia de que esta Pandemia transformará para mais a todos, infelizmente, não confere com a realidade.

Quando um fato real existente é proclamado de forma extrema, excessiva, continuada, crônica, gera uma espécie de “verdade” absoluta e inescapável. Em outras palavras, quando algo é demasiadamente descomunal, maior do que os recursos individuais de resoluções, colapsa o sistema, rompe os delicados fios de segurança psíquica que conseguimos tecer ao longo de nossa existência individual. Mais frágil ainda ficam as referências de segurança quando os “Grandes Protetores” coletivos (Aqueles que tomam as decisões por todos) também encontram-se com dificuldades de discernirem com clareza os caminhos mais apropriados. Quando tudo acontece desta forma, ou seja, quando todos carecem de algum grau de sabedoria para conduzir processos complexos, todos “pagam” o preço pelo desconhecimento…

É por esta grande brecha de desconhecimento, medo, exacerbação de fatos reais que emergem, que escapam das profundezas do terreno arqueológico psíquico, os poderosos deuses Pã, Phobos e Deimos e, “emergindo” nos governam fazendo desaparecer para sempre ou temporariamente o nosso discernimento, a nossa emergente consciência individual. Este singular Aplicativo, a nossa consciência individual, é o fiel da balança entre emoções irracionais, arcaicas, diluidoras da discriminação e a possibilidade de, num ato de percepção sensível seguido de ação discernida, “escapar” do fascínio que provém das forças arcaicas, não humanas, que habitam as profundezas de nossas memórias.

No próximo texto, versaremos sobre o movimento dos deuses Pã, Phobos e Deimos em nosso psiquismo. Lembrando que diferentes épocas históricas nomina as expressões que emergem de nosso mundo psi de forma muito particular, torna-se relevante enfatizar que o que é conhecido por “deuses” na Mitologia Greco Romana, é denominado em tempos atuais de emoções desagregadoras ou emoções diferenciadas que nos governam promovendo equilíbrio ou desequilíbrio em nosso sistema psíquico. Em outras palavras, deuses são personificações do vasto repertório emocional que expressamos na vida cotidiana.

Nos dois artigos que antecedem a este fizemos um preâmbulo acerca das poderosas forças arcaicas, antigas, que governam o nosso psiquismo, sobretudo, em momentos de grande pressão psicológica.

Em circunstâncias desta natureza, um mecanismo de autopreservação muito peculiar é acionado. Dito em outras palavras, quando existem situações desconhecidas em tempo real, porém, de grande relevância e sentimo-nos sem recursos de resolução, ocorre um movimento muito singular dentro de nosso psiquismo: nossa percepção retroage, ou seja, se não temos respostas à frente, as buscamos atrás, em memórias ancestrais. Não somos nós que “escolhemos” que seja desta forma. São mecanismos inteligentes que governam a vida e que “sabem” que estamos aqui hoje porque sobrevivemos a milhões de perigos indizíveis. Se sobrevivemos (enquanto Vida no Planeta) alguém tem a resposta de como fazer isto acontecer. Este “alguém” existe em nossas memórias mais remotas, em nosso terreno arqueológico psíquico. A grande questão, no entanto, é que “aquele” que em nós “sabe” arcaicamente tem um agir que não condiz com a nossa condição de Sapiens porque viveu em outro momento histórico muito remoto e sua forma de responder aos perigos não condiz com o momento civilizatório no qual nos encontramos.

Sim. Já existiram muitas outras formas históricas válidas e efetivas, distintas das que temos hoje, de se conceber o Universo, Deus e o Homem. Cada uma destas visões, governadas pela variável “Tempo”, está circunscrita à mentalidade de uma época e, a princípio, é semelhante a um quadro pintado que ficou estático em nossa memória. Poucos são os Seres que conseguem sentir estes degraus históricos como um continuum, como as preciosas pérolas contidas no fio da Vida que carrega o Majestoso Chronos. Por esta razão, a maior parte de nós desconhece o como se apropriar e o como atualizar as experiências anteriores em tempo real para gerar um continuado, ininterrupto e criativo movimento existencial. Este fato poderia ser resumido numa ideia que muitos já conhecem: acolher respeitosamente o que já foi, aprender com todas as experiências do “passado” e avançar diferenciadamente, seguir em frente com um profundo sentimento de gratidão pelos que nos antecederam e com renovadas percepções e insights apropriados, acerca do saber já conquistado, para a época em que vivemos. 

Considerando esta premissa, é de fundamental relevância conhecermos a percepção de Homem e de Mundo daqueles que nos antecederam para que possamos fazer processos de atualização e agilizarmos tanto o avanço dos Conhecimentos, bem como de respostas apropriadas para os dilemas universais que nos assolam desde sempre.

Para tanto, precisamos “saber” que desde que o Universo veio à existência Ele é “sustentado” por “Algo”. Este “Algo” recebeu os mais diferentes nomes, na mais diferentes Épocas  Históricas do Planeta. Já foi chamado de “deuses”, “Forças”, Princípios Governantes, Leis, que regem a Vida em todas as suas esferas. Recebeu Nomes e Formas para que pudesse ser percebido pelos nossos sentidos, pois, somente desta forma podemos, em algum momento, chegar a conhecê-lo empiricamente (sentir seus efeitos concretos sobre a nossa vida cotidiana) uma vez que o que não percebemos nos é dado por inexistente. Mas para que conhecer? Para que minimamente tenhamos algum grau de governo sobre a ação destes deuses, Forças ou Princípios sobre a nossa existência. Se os conhecemos, em algum grau, também, em algum grau os manejamos e os vencemos. Se os desconhecemos eles nos governam completamente e adquirem caráter de possessão, de uma prisão inescapável. E assim era quando o Homem incipiente tinha uma visão mítica do Mundo, de um Mundo completamente governado por deuses e demônios e ficava completamente à mercê dessas poderosas Forças que desconhecia.

Enquanto o Homem “entendeu” estas Forças como “deuses” as serviu de forma inescapável e o registro deste período de existência da Humanidade Nascente está contido em todas as Mitologias do Mundo. A percepção nesta Época era: “os deuses são maiores do que Eu, se são maiores me governam e Eu devo render-lhes Graça para não ser destruído, portanto, devo honrá-los e servi-los independentemente de minha vontade. Eu não os penso, eu os sinto governando a minha existência”. Contudo, como Chronos e Kairós tecem juntos o Fio da Vida de forma ininterrupta, sem lacunas, criando graus cada vez maiores de complexidade e sofisticação no ato de existir, o psiquismo fez um “salto” e começou a se indagar acerca destas Forças Governantes. No ato de indagar, o Homem começou a dar formas e nomes para o que sentiam (primeiro ato de conhecer: perceber e nomear) e a partir de então os Seres de cada Época, por terem adquirido algum grau de autonomia psíquica, iniciaram um “processo de escolha” de a qual Princípio serviriam. Curiosamente, formas e nomes são construções necessárias para o ato de conhecer, para se fazer cumprir desígnios e metas de um determinado momento histórico do Planeta, contudo são transitórios, são filhos de uma das Faces do Tempo e estão a serviço da expressão do grau de percepção psíquica, de consciência, possível para uma determinada visão de homem e de mundo. São essenciais, porém, não eternos.

Atualmente, com o advento do aplicativo Razão e com a estruturação da Ciência, as personificações mitológicas foram renomeadas e receberam o nome de Leis Universais ou Princípios que governam e estruturam o Universo. Em tempos idos, os Sábios, “intuíram” sobre a existência de Princípios Governantes, Regentes da Vida. Hoje, à semelhança dos Sábios antigos, a Ciência “descobriu” cognitivamente a existência de uma “Ordem Natural” e “Cósmica” de todas as coisas e, motivos relevantes, para se zelar pelo equilíbrio desta “Ordem”.

Uma vez posto todo este movimento histórico de forma resumidíssima, só para contextualizar, faz-se necessário retornarmos ao objeto de nosso artigo: As Diferentes Faces de Uma Pandemia e o que nos acontece sob o efeito de suprema pressão psicológica que nos imputa riscos à integridade física ou psíquica.

Rapidamente havíamos mencionado que sob o efeito de uma desmesurada pressão o nosso psiquismo retroage e “lê” o mundo de uma forma arcaica, antiga. É dentro desta perspectiva que podemos dizer que o Panteão dos deuses de todas as Mitologias do Mundo acordaram neste momento histórico que estamos vivendo e estão nos assombrando e nos governando em diferentes patamares. Então, vamos retomá-los para conhecê-los e os conhecendo termos um tantinho de governo, lucidez e equilíbrio dentro e fora de nosso Ser.

Iniciaremos por Pã. Curiosa a etimologia de seu nome, embora incerta. A princípio, significa “todos”, porém, também está associado a “Pa – Panis – Pão”. Seria alimento para Todos? Se sim, qual  a natureza, a substância deste “alimento”? Na medida em que é associado ao Mundo como um Todo, visto que é a representação daquilo que se entende por Natureza e Universo em seu estado emergente, podemos inferir que o primeiro alimento da Vida é a própria Vida em seu estado Natural e Bravio, Crú. A partir desta leitura, podemos entender que Pã é a reminiscência, a memória, o símbolo e a ação concreta do Mundo dos impulsos desprovidos de consciência, onde prevalece as emoções mais básicas da Vida. Personificado em uma imagem, sua aparência infunde medo, pois, é metade bode, com cascos e metade humano, porém, com chifres. É o deus Grego da Vida Selvagem, da Natureza, dos Bosques, da Fertilidade e da Sexualidade. Com o final da Era Mítica e com o advento do Racionalismo Grego, seguido pelo nascimento do Cristianismo, Pã deixou de ser a representação das Forças Bravias da Natureza e recebeu uma nova “personificação”: tornou-se o Diabo que deveria ser combatido através dos flagelos do corpo para que a Alma pudesse ser salva! E assim, reprimindo esta Natureza nos porões de nosso psiquismo (e talvez tenha sido necessário que assim o fosse) perdemos, naquele momento, a oportunidade de conhecer e domar esta poderosa força dentro de nosso Ser. Talvez seja por esta razão que de tempos em tempos os “demônios” escapem: para nos oferecer a oportunidade de desta vez fazer diferente, ou seja, ao invés de reprimirmos, alquimizarmos estas poderosas forças e colocá-las a serviço do Ser. 

Phobos (Medo) e Deimos (Pânico), são outras duas Forças de singular poder que dormita em nosso psiquismo. Uma vez acordados dentro de nós, como citado no artigo anterior, inoculam em nossa Alma a covardia e a fuga dos campos de batalhas (adversidades existenciais) tão necessários à superação de nossas debilidades.

Eny (deusa da Guerra) e Eris (deusa da Discórdia) são os nossos estados arcaicos de prontidão emocional para o ataque a qualquer experiência (fatos ou Seres) que seja distinta de nosso repertório de crenças e/ou riscos à integridade física ou psíquica. Sua força e sua ação são intensificadas em épocas de grandes adversidades.

As Erínias ou Fúrias, são deusas extraordinárias do ponto de vista psicológico. São tão velhas como as ações que “observam” e “balizam”. São Elas (os Princípios, as Leis) que “garantem” o avanço moral humano. Ao mesmo tempo que são tidas como as “castigadoras” dos delitos contra a Vida, também são nomeadas como as deusas Justas uma vez que só devolviam ao homem o fruto correspondente às suas próprias ações! Nem mais e nem menos. Justas e implacáveis não se deixavam abrandar por sacrifícios propiciatórios, nem suplícios de nenhuma natureza. Não levavam em conta atenuantes (as famosas justificativas de fiz isto por causa disto) e colocavam o justo limite em toda ação “humana” contra a Sociedade (Coletivo) e a Natureza. “Corrigiam” também a violação dos rituais de hospitalidade, posto que neles estão assentados todos os processos civilizatórios. 

De forma mais enfática, ainda, “atuavam” sobre todos os crimes contra a Família uma vez que esta é o primeiro e o mais privilegiado locus de exercitamento da dimensão psíquica conhecida como Homo Sapiens. Neste sentido, podemos entendê-las, numa linguagem atual, como Princípios Civilizatórios. Traduzindo tudo o que foi dito acerca delas, podemos sintetizar na seguinte ideia: São Princípios ou Leis Universais que “garantem” que o homem não retorne psiquicamente e nem em termos de ação no mundo à condição de Natureza meramente instintiva, básica, pois, isto implicaria na diluição de tudo aquilo que conhecemos como Espírito e construção Humana no Planeta. Se os parâmetros civilizatórios fossem transgredidos em demasia, seria o verdadeiro caos, inviabilizaria a nossa existência enquanto raça no Planeta. São forças equilibrantes que asseguram a continuidade da consciência diferenciada nascente no mundo. Por esta razão, estas Leis ou Princípios são entendidos como Forças Inteligentes e Vivas que velam e zelam pelo Equilíbrios em todo o Universo. Em sua condição de deusas Justas ou Benévolas, recebiam o nome de Eumênides, as Bondosas. Na Arcádia havia dois Santuários consagrados a elas. Um para seu aspecto de Lei (Erínias) outro para a sua face benévola (Aquela que modula e educa os instintos bravios no homem) onde se celebra culto das Graças e do Perdão.

Tisífone era considerada a “vingadora” dos assassinatos e homicídios, principalmente dos praticados contra pais, irmãos, filhos e parentes (desagregação familiar). Açoitava os culpados enlouquecendo-os. Megera personificava o rancor, a inveja, a cobiça e o ciúme. “Castigava” principalmente a traição dos vínculos afetivos. Agia de forma a fazer o infrator fugir eternamente, gritando ininterruptamente em seus ouvidos as faltas cometidas. Alecto, a implacável e eternamente encolerizada, encarregava-se de “castigar” os delitos morais como a ira, a cólera, a soberba… Era a Erínia que espalhava as pestes que contaminam o mundo e as maldições. “Perseguia” o infrator sem parar, ameaçando-o com fachos acesos e açoites e não o deixava dormir em paz. Hoje entendemos os “castigos” e as “perseguições” das Erínias como “peso de consciência”, “ressaca moral” pelas ações impróprias cometidas por um Humano e que gera “depressão”, tristeza profunda, ansiedade, fobias, medos…

Uma vez estes Princípios ou Leis Universais (deuses na Era Mítica) tendo estabilizado minimamente o processo civilizatório do ponto de vista da moral, ou seja, gerado um repertório humano básico, emerge um segundo desafio igualmente relevante: conter o Processo de Inflação que igualmente coloca em risco o equilíbrio de todas as coisas. Com isto, “nasce” uma nova visão de homem e de mundo. Já não mais somos seres tão desprovidos de razão e discriminação. Através da repressão dos instintos bravios pela moral fomos elevados à condição de imagem e semelhança de Deus. Com o advento da Razão fomos chamados de Homem para que houvesse uma distinção entre nós e os seres da Natureza. Conquistamos então a condição de “à imagem e semelhança de Deus” e, logo em seguida, o título de Homem Sábio (Homo Sapiens) para nos distinguir dos Seres da Natureza e de nossos ancestrais humanos (Homem das Cavernas), com isso, aumentou também a nossa responsabilidade diante da Vida.

Contudo, considerando a forma como pensamos e agimos no mundo, tudo indica que nos foi ofertado antecipadamente estes títulos em sinal de confiança. Sim, em sinal de confiança de que poderíamos trabalhar para fazer prosperar o germe de Humanização contido na Alma da nova espécie nascida no mundo: Nós. Lembrando que absolutamente tudo na Terra é processo de construção, o já iniciado movimento de Humanização estava se estabelecendo, ou seja, ainda não estava concluído e parece que, até o presente momento, conseguimos cumprir, apenas metade da equação. Nos tornamos, com certeza racionais (e, talvez, até demais), contudo, ainda, não Sábios. E para que não tenhamos nenhuma dúvida acerca desta questão, é suficiente observarmos como agimos, sobretudo, em períodos de grande pressão e adversidade.

É de suma relevância enfatizar que o fato de acreditarmos que já completamos o ciclo de construção de nossa humanidade, que já estamos consumados no estágio de Sapiens, nos coloca em uma condição tão temerária quanto a transgressão de valores morais que nos devolve a um parâmetro de irracionalidade. O perigo agora para a nossa humanidade nascente é a Inflação, ou seja, acreditando já sermos Homem Sábio pleitearmos a condição de imagem e semelhança com Deus. É este agir que nos coloca em estado de Inflação: acreditarmos que já somos aquilo que ainda não somos, tomarmos para nós poderes e condições que ainda não nos pertencem. Agindo desta maneira cessamos o processo de efetivamente trabalharmos o embrião de humanidade para que ele possa alcançar a sua maturidade e efetivamente se expressar. O que decorre disto? Um Ser ainda muito instintivo, em permanente estado de prontidão para o ataque e a destruição, fantasiado de Humano virtuoso!

Quando isto ocorre, por medida de segurança em relação ao caos, outra instância do nosso psiquismo é ativada: a deusa Nêmesis. Ela nos “retira” da condição de inflação (hybris ou Húbris) e nos devolve para o âmbito da humanidade ainda em construção. Nos possibilita o redimensionamento e a continuidade de existir no âmbito humano. Nêmesis transita entre a “Terra” e o “Inferno” para velar pelo equilíbrio entre as forças infernais e celestes, para assegurar que a desmesura nascida do instinto cego e imperioso de poder não dilua a razão e a consciência nascente. Ela faz acontecer de forma apropriada a execução das Leis IMPRESCRITÍVEIS da Justiça. Invocada nos Tratados de Paz, era ela quem mantinha a Fé Jurada, quem vingava a infidelidade das promessas, quem recebia os juramentos secretos, fazia curvar as cabeças dos orgulhosos, tranquilizava os humildes e consolava os amantes abandonados. Pousando um dedo sobre a boca, segurando um freio ou aguilhão, dava a entender que a todos recomendava a discrição, a prudência, a moderação na conduta, o mesmo tempo que excitava ao bem.

Sintetizando, as Erínias atuam sobre o nosso psiquismo fazendo emergir a consciência coletiva, ou seja, a percepção de que existimos como raça e estabelece os princípios morais básicos (como por exemplo, os Dez Mandamentos) para assegurar o estabelecimento do avanço evolutivo da Vida e Nêmesis corrige os excessos, a inflação psíquica, mantendo-nos na condição de aprendiz humano.

Vamos conhecer um pouquinho deste fenômeno chamado Húbris ou Hybris. Ele nos fala do exagero, de tudo que passa da justa medida. Dito de outra forma, Hybris pode ser entendida uma como confiança excessiva em si mesmo, arrogância, orgulho, exagerada presunção, descomedimento, arrogância, falta de domínio sobre os próprios impulsos, uma emoção descontrolada inspirada em paixões exageradas e de caráter irracional quando somos contrariados, insolência que pode fazer naufragar a nossa condição de Humanidade em construção. Opõe-se a Sofrósina, a virtude da prudência, do bom senso e do comedimento. A Hybris é algo tão relevante que está diretamente vinculada às Moiras. Ou seja, quando iniciamos um processo de inflação, da perda da medida apropriada ao Homem as acordamos em nossas Vidas e fazemos girar de forma dolorosa a Roda da Vida. São definidas como as Leis que regem, que governam o Destino, sendo o Destino compreendido como parte, lote e porção simultaneamente. Parte, lote e porção exatamente do quê? Das ações que realizamos, pois, tudo o que oferecemos ao mundo nos retorna de conformidade com as repercussões que provocou no próprio Mundo. Através dos movimentos que realizamos, as Moiras movem a Roda da Vida (Timão da nossa existência). O Timão pertence a deusa Fortuna e se move de conformidade com o movimento que nela imprimimos (somos nós que o movemos, consciente ou inconscientemente). Contudo, desconhecemos que na maior parte das vezes nos movemos por impulsos e memórias ancestrais, coletivas. Em outras palavras, geralmente, as nossas ações não são frutos de nosso querer discernido e sim reações instantâneas, irrefletidas, impulsos reativos ao que nos sucede em cada momento. Mesmo em assim sendo, não nos é possível nos furtarmos de experenciar, em nossas vidas cotidianas, os desdobramentos do que realizamos. Curiosamente, reagimos o tempo todo e não queremos administrar os resultados do que provocamos em nossa própria existência e no mundo. Outro grande fator desconhecido por nós é que quando um Princípio ou uma Lei Universal é colocado em movimento, só cessará sua ação quando governarmos o movimento que iniciamos e imprimirmos outro na Roda da Vida. Uma direção iniciada, não importa se consciente ou inconscientemente, só é mudada por um ato de Vontade Consciente (não confundir com percepção cognitiva). A isto desconhecendo, nasce a ideia de um “destino imutável”. Só é possível entendermos o destino nesta perspectiva (de imutável) porque desconhecemos que somos nós mesmos que colocamos em movimento a maior parte de todas as coisas em nossas vidas. Na medida em que somos nós, a qualquer momento podemos mudar o movimento da Roda da Vida, porém, trabalhando os efeitos causados por nossas ações quer seja sobre nós, quer seja sobre o mundo. A nós cabe a responsabilidade de processar, de transformar a parte, o lote, a porção de movimento que fizemos acontecer. As Moiras, neste sentido, são as Leis ou Princípios Governantes responsáveis por tecer e cortar o “fio da vida” de todos os seres. Seu tear é a Roda da Fortuna. O destino é o lote, a parte de felicidade ou infortúnio, de vida ou morte, que corresponde a cada um em função da relação que temos com os “deuses”, com os homens e com o Sagrado. O castigo (assim é sentido) para a Hybris é Nemesis que tem como efeito fazer o indivíduo retornar aos limites que transgrediu. Transgredir interfere na harmonia do Cosmos e pode gerar caos, desconstruindo todo um degrau evolutivo estruturado a duras penas por esforços e vidas. Isto não é permitido pelos Princípios que regem a Vida.

São as Moiras: Cloto que é responsável por fiar. Segura o fuso e tece o Fio da Vida. Cada atitude que tomamos é um “ponto” que fazemos acontecer no tricô de Cloto. Atuava como a deusa dos nascimentos e dos partos. Láquesis sorteava os resultados das ações, ou seja, fazia coincidir as nossas ações com os resultados acontecidos em função de sua realização (à semelhança de quando jogamos na Loteria e os números coincidem com o resultado sorteado e nos é destinado o valor correspondente). Em algum momento, inevitavelmente, a nossa cartela será sorteada… Esta é a Lei da Correspondência que a todos governa. Puxava e enrolava o fio, sorteava o quinhão de atribuições que se realizava em vida. Átropos encarregava-se de, gradualmente, afastar o nosso atuar sobre o mundo através da decrepitude que nos paralisa, que restringe os nossos movimentos e as nossas ações, uma vez que ao envelhecermos diminui as nossas possibilidades, no espaço tempo, de redimensionar o fruto de nossas ações. Não poderia jamais anular a tarefa que cabe a Láquesis cumprir que é “sortear” (fazer coincidir nossas ações com o que delas resultam e ressignificá-las). Cortava o fio da vida. Determinava o fim da vida. De forma extraordinária e inequívoca, as Moiras, as Erínias e Nêmesis evidenciam com total clareza que não são dos fatos em si que somos prisioneiros e sim das repercussões dos eventos acordados psiquicamente dentro de nós e no mundo quando agimos. Por esta razão, o que nos transforma e transforma o mundo, é a habilidade de percebermos os desdobramentos de nossas ações ao agirmos e processarmos conscientemente os efeitos acontecidos. Somos responsáveis diretos por tudo que realizamos. Não há qualquer casualização ou justificativa, por mais coerente e lógica que nos pareça, que nos absolva dos frutos de nosso agir. Em assim sendo, torna-se imprescindível conhecermos o Pan Metron, a justa medida de todas as coisas (Nunca Demais, nem para mais e nem para menos) para podermos agir com algum grau de Sabedoria minimizando o máximo possível os infortúnios gerados por nosso desconhecimento, apego e aversão. Finalizando, o que tudo isto tem a ver com as diferentes faces de uma pandemia? (Ufa! Enfim chegamos ao ponto). Mefistófeles dialogando com o Altíssimo (em Fausto de Goethe) tem uma fala memorável. Nos diz: “Uma verdade e mil ilusões, assim se constrói uma grande armadilha”. Qual a “verdade” que assola a humanidade neste momento? A Pandemia do Coronavírus, o Covid 19. O que esta Pandemia tem provocado nos corações, mentes e vísceras? Sobretudo o acordamento do instinto de autopreservação e, em decorrência disto, um retroagir psíquico que justamente por “acordar” os deuses ancestrais (Princípios, Leis Universais em sua condição básica) faz com que nós, aprendizes de humanidade, expressamos os mais singulares padrões arcaicos de comportamento, resultando diferentes formas de reagir ao fenômeno. A estas distintas reações chamamos de As Diferentes Faces de uma Pandemia.

Alguns estão vivenciando um expressivo terror, estão sob o efeito de Phobos e Deimos. Neles foram inoculados psiquicamente a crença de que o campo de batalha chamado vida cotidiana é perigoso demais e se recolheram para o canto mais profundo da caverna e aguardam o socorro miraculoso: que a Ciência, através de alguma substância, vença o inimigo e limpe o campo de todo perigo. Enquanto isto olham o mundo de fora pelas janelas virtuais seguras (celulares, TVs, computadores…), perdendo a oportunidade de vencer, em si, os transes e a paralisia costumeira provocada pelo medo e pelas incertezas. Outros estão sob os cuidados de Pã. Escutam o som de sua flauta, sabem de sua presença embora não o veja tão proximamente. Enquanto estão transitando pela floresta durante o dia (se distraindo com as experiências da vida cotidiana) sentem-se seguros, entretanto, ao cair da noite, quando estão sós e escutam a sua flauta sem ter por perto alguém para acalmar seus medos mais secretos e os possíveis desdobramentos de seus passeios diurnos pela floresta, sucubem aos terrores noturnos.

Uma outra parte é governado por Eny e Eris. Propositadamente, ou quem sabe para exorcizar seus próprios medos, plantam as sementes da discórdia, mediante as mais variadas ações, nas mentes e emoções dos Seres. Com a sua habilidade influenciadora, propaga e faz proliferar pelo mundo afora um temor irracional que assombra as Almas dos incautos.

Uns tantos, falando em nome próprio, para salvaguardar seus interesses mais espúrios e movidos pelo desejo de poder, à semelhança de Phobos e Deimos, também inoculam o terror nas Almas Pré-Humanas. Estes, indubitavelmente, acordarão as Erínias que, em algum momento, os alcançarão… Outros, ainda, movidos pelo excesso de virtude e desejando o bem de todos, também geram prisões singulares para muitos. Estes acordam Nêmesis que os convidarão, por alguma via, a retornar para a justa medida. Poucos são aqueles que, sob os auspícios de Sophya (a deusa da Sabedoria), conseguem se mover prudentemente e auxiliam pessoas a se moverem serenamente pela via humana diferenciada, ou seja, que reconhecem as épocas de adversidade e acordam a lucidez necessária para um movimento equilibrado, seguro e transformador em momentos de perigo iminente. Infelizmente, são estes e tão somente estes que efetivamente se beneficiarão da adversidade e farão, em algum grau, transformações de relevância em suas vidas e no mundo. Isto porque, ao invés de retrocederem psiquicamente no espaço tempo e atuarem como os ancestrais, conseguiram, na crise, pensar criativamente, sentir criativamente e agir criativamente. Agregaram ao repertório da vida ancestral respostas humanas e neutralizaram sobre o seu psiquismo o panteão de deuses e demônios (emoções, Princípios, Leis) que diluem a condição de humanidade. Os demais, além, de terem que processar os danos decorridos desta atual experiência, tristemente, ainda terão que percorrer um longo caminho de aquisição de faculdades humanas. É, por todas estas razões (e muito mais), que Crise é entendida como uma mistura de dificuldade e oportunidade. Dificuldades a serem superadas e oportunidades para se fazer diferente do habitual, portanto, Crise pode ser escada para descer ou pode ser escada para subir. Em outras palavras, podemos na Crise retroagir e perder a razão, a lucidez ou seguir em frente e desbravar formas diferenciadas para responder aos desafios que nascem a cada dia.

Retomando e concluindo a fala de Mefistófeles, quais seriam as ilusões? As ilusões são as mais variadas crenças e/ou “historinhas” que uma Época (Pan = Todos) ou um indivíduo em particular constrói  e “veste” um Fato concretamente existente. Estas crenças e/ou historinhas convocam a deusa Ate, a cegueira da razão, a insensatez, o engano nascido pelo excesso da verdade. Uma vez convocada, Ate (a sutileza da mente que conjectura infindavelmente tecendo os enganos) pousa em nossas cabeças sem ser percebida e faz acontecer os milhões e os turbilhões de pensamentos inconscientes que geram realidades psíquicas e que, a posteriori, se tornam “verdades” inquebrantáveis. A Moça desconhecida que deu origem a esta longa reflexão com certeza criou a sua própria “verdade” a partir de um dado concreto: O Covid 19. À semelhança de criança pequena que brinca de esconde-esconde e que quando fecha os olhos entende-se invisível para todos, Ela, muito possivelmente, entende que quando porta uma máscara é semelhante ao vestir-se de uma armadura de titânio (metal eleito por boa parte das crianças para criar armaduras de poder), nada a alcançará!!! É válido e necessário construirmos referências de segurança. O equívoco está no exagero da verdade e na exacerbação dos afetos que produzem descontrole emocional, sintomas psicológicos graves e validação de atitudes truculentas… Ela se tornou uma exímia “vigilante” daqueles que transgridem as “normas coletivas”, uma feroz guardiã dos Decretos necessários impetrados pelos Poderes Vigentes. Contudo, quem “vigia” o “Sentinela” dos Decretos de Épocas de Exceção para que, em tendo seus poderes ampliados, não caia no exagero de seus próprios impulsos incontroláveis acordados pelos terrores que o assombram a partir de dentro? O que resultará de todas estas experiências para a Memória Universal? O surgimento de um novo “Arquétipo”? Possivelmente não. O mais provável é que cada uma das experiências vividas sejam encaminhadas e salvas nos “arquivos” do temas já existentes. O quantum de medo, pânico ou pavor gerado neste momento será direcionado para o arquivo pré-existente e, seguindo esta lógica, o mesmo acontecerá com as experiências de deserção, truculência, corrupção, sentimentos de se estar em uma situação sem saída, experiências de que “nada” está acontecendo… Contudo, o mais alentador é que, também, uma experiência singular deste momento será salva na Grande Memória do Cosmos: a da Jornada do Herói, daqueles que com algum grau de Sabedoria, discernimento, coragem e confiança se moveram construindo mais um tantinho de nossa Humanidade Nascente.  Ah! A propósito, hoje é dia 25 de julho, e pela manhã bem cedinho sob um infinito e magnífico céu azul, ouvi o “Homem da Vassoura”…

Pandora: O Mito

Parte Primeira

Pandora, Aquela que tem todos os dons, etimologicamente, a que tudo possui, a que tudo dá e a que tudo tira, tornou-se conhecida através da Obra “Os Trabalhos e os Dias” do Poeta Grego Hesíodo que viveu no Século 8 a.C. Foi “criada”, a pedido de Zeus, o deus supremo do Olimpo, por Hefesto, o Artista Celestial e Atena, a deusa da Sabedoria, da Civilização, da Arte, da Justiça e da Guerra. Em sua “criação”, Pandora recebeu de todos os deuses uma qualidade: graça, beleza, persuasão, inteligência, meiguice, paciência, eloquência, curiosidade, habilidades artesanais… Enfim, foi criada à imagem e semelhança dos deuses.

De acordo com a Lenda, foi a primeira mulher mortal a ser criada e Zeus tinha um propósito muito particular e secreto com a sua existência: vingar-se de Prometheus que havia roubado o fogo dos deuses para ofertar aos homens que havia criado e que viviam em condições paradisíacas. Seu objetivo era pôr fim a este estado de delícias em que viviam e, para tanto, presenteou Pandora com uma Caixa (Jarro) que continha todas as mazelas do mundo: doença, velhice, desconfiança, loucura, mentira, ciúme, guerra, morte, desesperança… solicitando, ardilosamente, que jamais a abrisse. Pandora desconhecia o conteúdo da Caixa, contudo, Zeus contava com a possibilidade de que, em algum momento, Ela não resistisse à curiosidade e a abrisse.

Quando da criação de Pandora Prometheus, como castigo por sua ousadia de ter roubado o fogo dos deuses para animar os homens por Ele criado, já havia sido acorrentado no Cáucaso onde, diariamente, uma águia lhe devorava o fígado durante o dia e que à noite se regenerava.

Contrariando o pedido de Prometheus para jamais aceitar qualquer oferta de Zeus, seu irmão Epimeteu, recebe de Hermes Pandora por esposa. Da união entre Epimeteu e Pandora nasce Pirra. 

Num dado momento, Pandora, fascinada pela curiosidade, materializa o tão esperado desejo de vingança de Zeus: abre a Caixa!! Da Caixa escapa toda sorte de infortúnios que passará a governar a vida dos homens outrora criado por Prometheus colocando fim à Lendária Idade de Ouro da Humanidade. Pandora, assustada, na tentativa de deter o que escapava da Caixa a fecha rapidamente, retendo em seu interior tão somente a Esperança.

A partir da abertura da Caixa, os homens passam a viver um doloroso processo de hostilidade, guerra, ciúme, doença, morte, tristeza, mentira, embuste, traição, trapaça, corrupção… esquecendo-se do Fogo Sagrado da Consciência anteriormente ofertado a eles por Prometheus.

O ponto alto da loucura da raça humana ocorre quando Zeus, sabedor de seus desatinos, vem à Terra para conferir e visitar a casa de Licaão, primeiro Rei Mítico da Arcádia. Zeus é recebido pelo povo devoto e o anfitrião prepara um banquete cometendo dois atos de crueldade: planeja matar Zeus e servir carne humana no jantar. Excessos que justificariam, diante do Conselho dos deuses do Olimpo, simpatizantes da raça humana, a permissão tão sonhada para eliminá-la. Contudo, antes de retornar ao Olimpo, transforma Licaão em um ser meio humano e meio lobo, dando origem ao que hoje conhecemos como Lobisomem.

A vingança tão esperada de Zeus em breve seria consumada! Agora conseguiria a permissão do Conselho Olímpico para destruir os Seres criados por Prometheus. 

E, assim, dos céus caem águas intensas e continuadas a tudo inundando. Entretanto, Deucalião, filho mortal de Prometheus, que ficou conhecido como o mais justo dos Homens, já havia conhecido Pirra, filha de Epimeteu e Pandora, e juntos formaram um casal que daria início a uma nova geração de seres humanos no planeta.

Segundo a Lenda, haviam construído um barco no qual navegaram durante todo o dilúvio até alcançarem o Monte Parnassus. Vão à Fonte de Aphisus e visitam o Templo de Themis para pedir ajuda na reparação da raça humana. Themis é a face da deusa da Justiça que empunha a balança com a qual equilibra a Razão e o Sábio Entendimento. Ela não é portadora da espada!

Ao ser consultada por Deucalião e Pirra, Themis responde: “Devem deixar o Templo e, com as cabeças veladas e as roupas soltas, jogar para trás os ossos de sua Grande Mãe Terra”. Deucalião depois de muito refletir, consegue desvendar o enigma. Entende que os ossos da Grande Mãe Terra são as pedras. Assim, Ele e Pirra apanham as pedras e seguem o que Themis orientou. Das pedras jogadas por Deucalião, que amolecem, nascem os homens e das pedras jogadas por Pirra nascem as mulheres e os seres da natureza nascem espontaneamente, são recriados a partir da própria Mãe Terra.

Assim nasce a nova humanidade que habita a Terra atualmente.

Parte segunda

Pandora, pandemia e o colapso humano

Uma possível leitura acerca da pandemia que ora vivemos

Curiosamente, Pandora está inserida dentro do Mito de Prometeu e Epimeteu. Conta o Mito que Prometeu e Epimeteu receberam a incumbência de criar os seres vivos da Terra. Prometeu, o Mestre Artesão, o Filho da Previsão, Aquele que olha para frente, Aquele que personifica as forças evolucionantes do devir, criou o homem com muito cuidado a partir da argila e Atena concedeu à criação de Prometeu o Sopro da Vida. Epimeteu, o Filho da reflexão tardia, Aquele que olha para trás, Aquele que personifica as forças primárias da vida, as memórias arcaicas vivas e sempre atuantes no psiquismo de todos os seres, ficou com a responsabilidade de conceder um dom específico a cada animal.

Por amor aos homens que criara Prometeu ousa roubar o Fogo dos deuses. O homem recém criado do barro já havia recebido o Sopro da Vida de Atena, agora era necessário lhe ofertar a Consciência, a habilidade diferenciada que lhe permitiria iniciar uma longa e árdua aventura em busca do Conhecimento da auto superação.  Aventura esta que ficou conhecida como a Jornada do Aprendiz que se torna Herói. Sim. O homem feito de barro, a princípio, recebeu atributos naturais (Vide o Mito de Prometeu) e lhe foi confiada a ingente tarefa de transformar instintos em consciência iluminada. 

Para tanto, necessariamente, trabalharia para tornar-se herói significando isto que o homem natural, em sua jornada, haveria de cumprir um feito de dimensão épica, ou seja, teria que reunir em si atributos para superar, de forma excepcional, sua dimensão natural e adentrar no reino Humano. Para materializar tal façanha, precisaria acordar em si três características ímpares: uma atitude valente (coragem), um senso de justiça inquebrantável e a disponibilidade para sacrificar-se pelos demais. Assim se expressando no mundo cumpriria a sua dupla filiação: enquanto filho da natureza (do barro) e enquanto filho do Sagrado (de um deus). 

Haveria de superar os instintos (o medo, a covardia, a desesperança, o instinto de poder, a arrogância, a desistência, a inércia…) para expressar os atributos inerentes do Sagrado na Dimensão Humana (a coragem, o auto sacrifício, a tolerância, a amorosidade, o auxílio mútuo…).

Sintetizando, a narrativa do Mito de Prometeu, os Seres por Ele criados e a Jornada Arquetípica a ser empreendida na dimensão espaço/tempo, rumo a desdobramentos de maior complexidade consciencial, nos fala da estruturação e do desenvolvimento dos Processos Civilizatórios, da Cultura, da Arte, da Ciência e da Espiritualidade que confere um sentido a todas estas instâncias.

Contudo, por tanta ousadia, Prometeu acordou a fúria de Zeus, deus máximo do Olimpo, que o acorrentou no Cáucaso. Antes de ser acorrentado solicitou a seu irmão Epimeteu (aquele que enxerga a posteriori) que nada aceitasse vindo de Zeus, pois sabia que o mesmo tramava contra a sua recém criação.

Zeus só não conseguia destruir os Humanos porque o Conselho Olímpico era simpatizante do homem criado por Prometeu e não permitia tal ação do deus máximo. Entretanto, Zeus nunca desistia da ideia de aniquilar o homem. É precisamente aqui que entra Pandora na história. Zeus a dá por esposa para Epimeteu e, como presente de casamento, lhe oferta uma Caixa com tudo o que há no mundo e recomenda que jamais a abra, embora soubesse que, em algum momento, ela não resistiria e a abriria. E assim foi.

Segundo o Mito, finalmente, Pandora abre a Caixa e ao ver tudo que dela saia, assustada, tenta fechá-la ficando presa dentro da mesma somente a esperança, uma alusão ao fato de que a esperança é um tesouro que mora no interior mais profundo de cada Ser e que se expressa somente quando temos uma relação de profunda confiança na Vida.

Sim. Quando confiamos intuitivamente naquilo que ainda não vemos e trabalhamos para que o que está em potencial nasça a partir de nossa ação valente e determinada, a nossa existência adquire um sentido de força e bravura que nos confere destemor, prudência e sabedoria. Quando trabalhamos para arrancar do reino das infinitas possibilidades aquilo que nos parece inexistente, mesmo sem nenhuma garantia de sucesso em nossos empreendimentos, realizamos a extraordinária jornada diária de tornar-se, efetivamente, o que Prometeu sonhou para nós: Tornar-se Homem.

Para realizar tal feito faz-se necessário conhecermos a natureza de Pandora, a portadora de todos os dons, Aquela que tudo possui, que tudo dá e que tudo tira, uma vez que Ela personifica o “Reino de todas as Possibilidades”. 

O Homem-Natureza precisa  tornar-se  Alquimista por excelência, ou seja, necessita acordar a habilidade de retirar criativa e conscientemente desta instância universal, personificada em Pandora, a matéria prima (cósmica, natural e humana) necessária para a sua própria construção. Contudo, importante se faz enfatizar que todo e qualquer poder que escapar da Caixa de Pandora haverá de ter um desdobramento expressivo em nossas vidas e no mundo.

É precisamente, a partir desta ideia de que podemos “retirar” da Caixa de Pandora o que desejarmos consciente ou inconscientemente, que começa a nossa história presente acerca da pandemia COVID 19.

Segundo narra o Mito, Zeus que sempre esperava uma oportunidade para destruir a criação de Prometeu (o devir humano, a Alquimização da dimensão instintiva), fica “sabendo” dos terríveis pecados da raça humana e vem conferir pessoalmente. Depara-se com três situações inusitadas: é recebido pelo povo devoto (pessoas que se ligam ao sagrado preponderantemente para pedir ao invés de agir); percebe a intenção de Licaão de matar Zeus (aniquilar o Sagrado por conta de sua inflação, ou seja, ele próprio aspirava se colocar no lugar de Zeus) e serve carne humana no jantar.

Perplexo e indignado (sim, os deuses Gregos se indignavam!!!) acredita encontrar a oportunidade para, enfim, banir do mundo os seres criados por Prometeu e, finalmente, consegue a permissão tão esperada do Conselho Olímpico para tanto. Disto decorre o dilúvio, salvando-se Deucalião e Pirra que dá início à nova humanidade (vide o mito de Pandora).

Considerando que podemos inferir que as três situações com as quais Zeus se depara é uma história que se repete em tempos atuais: (a) uma desvinculação coletiva com o Sagrado, ou seja, uma perda progressiva de amorosidade, bondade, respeito, ética, colaboração mútua, proteção para com a Natureza…; (b) uma condição humana de acentuada passividade onde as pessoas aguardam fervorosamente o gênio da lâmpada e parcamente realizam atos evolutivos através de seus esforços individuais e mais, ainda, agem de forma impulsiva buscando o próprio deleite desconsiderando a repercussão de suas ações sobre os demais; (c) e, coroando tudo isto, as pequenas e grandes corrupções que devoram a dignidade humana e produz toda sorte de miséria física e espiritual.

Testemunhando tudo isto temos a História da Vida no Planeta. Desde que a Ciência narra a trajetória evolutiva do Planeta, nos conta dos excessos que acordam Leis ou Forças equilibrantes que garantem a continuidade, a perpetuidade da Vida. Quando necessário (?) algumas espécies são dizimadas, em sua maior parte, para propiciar a retomada da vida em espirais ascendentes. Será esta a nossa condição neste momento histórico? Será que perdemos a percepção de como nos movermos colaborativamente com o Planeta e estamos nos tornando parasitas, predadores ferozes, sem limites, colocando em risco a homeostase da Terra? 

A História ainda nos conta que desde sempre, na medida em que os humanos se espalharam pelo mundo, as enfermidades infecciosas (peste Antonina, peste Negra, cólera, malária, tuberculose, lepra, gripe Espanhola, gripe Suína, varíola, COVID 19…) sempre estiveram presentes. Violação desmedida da Natureza que acorda seus perigos adormecidos? Ganância? Mover-se pelo mundo desconhecendo ou ignorando os perigos? Corrupção? Talvez tudo isto junto e misturado.

Ao considerarmos estas questões a ideia não é apresentar uma visão apocalíptica  de pecado e castigo. A ideia é considerar que o desconhecimento humano recai sobre o próprio homem e sobre o mundo na forma de desatinos. Desconhecimento, apego e aversão são atitudes insanas diante da grandiosa generosidade da Vida. O apego, posto que nos aprisiona ao que consideramos essencial em nossas vidas, nos rouba conquistas excepcionais do devir. Por ele matamos e morremos. A aversão, irmã gêmea do apego, faz com que combatamos e lutemos contra tudo o que não é a nossa imagem e semelhança. Gera intolerância que elimina a multiplicidade criativa das diferentes janelas perceptivas sobre a Vida. O desconhecimento acerca de que o Universo se expressa por milhões de faces para contemplar a todos os seres em seus diferentes graus evolutivos, é a mãe/pai do apego e da aversão.

Como podemos perceber, ao homem foi outorgado o poder de decidir sobre a sua própria existência e, até determinado ponto, de atuar sobre a Vida Planetária. Parece que a grande questão deste momento é como estamos agindo sobre todas as coisas. E, agindo sobre as coisas, o que estamos desencadeando sobre nós mesmos e no mundo.  

Será que os Seres criados por Prometeu ficará sob os auspícios da Caixa de Pandora esquecendo-se de seu devir? Será que a esperança, o trabalhar e confiar, que faz acordar os atributos, de fato, Humanos ficará encarcerado no ventre do desconhecimento, apego e aversão que são as faces dos instintos naturais mais ancestrais?

Felizmente, tudo o que nos ocorre neste momento está no âmbito humano, portanto acessível aos processos de transformação. Considerando os propósitos de nossa criação: migrarmos dos instintos bravios para uma condição de seres conscientes, tudo indica ser possível mudar o rumo da história deste momento.

Não é razoável construirmos uma extinção em massa. Já conhecemos a história. Só precisamos de algum grau de discernimento e mudança de atitudes para fazer a roda do infortúnio cessar…

Pós Graduação 2021

Uma Abordagem Psicológica de Síntese de Conhecimentos de Sabedoria. Uma Abordagem que inspira a Alma Humana à reflexão e ao ingresso em dimensões que transcendem os Saberes restritivos de cada época histórica. Uma abordagem que estimula a experiência Sapiens em cada Alma, Coração e Intelecto.

A Carta do Cacique Seattle

A CARTA DO CACIQUE SEATTLE

Em 1852, o governo dos Estados Unidos propôs comprar as terras das tribos indígenas Suquamish e Duwamish, localizadas na região de Puget Sound, no atual Estado de Washington.

O objetivo era dar prosseguimento à ocupação do território norte-americano com populações estrangeiras que chegavam ao país. O governo pretendia deslocar as duas tribos para uma reserva indígena, oferecendo-lhes algumas garantias e compensações.

Em 10 de janeiro de 1854, Isaac Stevens, Governador do Território de Washington, esteve em Puget Sound para reforçar a oferta de compra das terras. Naquele dia, o Cacique Seattle, como era conhecido o chefe das tribos Suquamish e Duwamish, proferiu um histórico discurso em que se destacou a transitoriedade da existência, expressou seu profundo amor pela natureza e mostrou a necessidade de se tomar conta da terra e de toda vida sobre a terra.

O discurso proferido pelo Cacique Seattle foi traduzido para o inglês pelo médico Henry Smith, que o publicou pela primeira vez na edição de 29 de outubro de 1887 do Jornal Seattle Sunday Star. Smith chegara a Seattle como superintendente escolar em 1853. Tinha um talento especial para idiomas, e logo aprendeu a língua dos índios. Ele deixou claro em seu artigo que a versão que publicava não era uma cópia exata do discurso original de Seattle, mas o que pôde reconstruir das notas que tomara na ocasião.

Quase um século depois da publicação do artigo de Henry Smith, já na década de 1970, surgiu um novo texto, escrito pelo roteirista de cinema norte-americano Ted Perry, inspirado no discurso do Cacique Seattle. Os ambientalistas fizeram deste novo texto uma espécie de manifesto ecológico do período e o distribuíram em universidades mundo afora.

Recriação livre e poética do artigo publicado por Smith, o texto de Ted Perry tornou-se a versão mais difundida do que hoje se conhece como A Carta do Cacique Seattle,e é a que se encontra publicada neste Seminário Junguiano.

Assim, A Carta do Cacique Seattle tornou-se uma construção histórica, nascida de um pronunciamento original e que foi ganhando novos contornos poéticos e políticos ao longo do tempo.

Mas sua essência permanece e reverbera ainda hoje, 150 anos depois do discurso. Os sentimentos expressos pelo líder das tribos Duwamish e Suquamish se identificam com os de todos os povos afetados pelo desenvolvimento de sociedades mercantis e industriais. A Carta é um forte chamado à nossa consciência ecológica. Uma peça de literatura poética, que tem como assunto central a identidade humana com a Mãe Natureza – a Terra Mãe, como a chamava o chefe indígena.

O CACIQUE SEATTLE

Filho de um importante líder da tribo Suquamish e de uma escrava, o cacique Seattle nasceu por volta de 1786. Em torno de 1800, os Suquamish sofreram uma série de ataques de tribos vizinhas. O jovem Seattle participou de algumas dessas batalhas, nas quais demonstrou coragem e astúcia.

Sua liderança passou a se firmar a partir de 1805, quando introduziu novos métodos de combate. O mais engenhoso consistia no corte de uma grande árvore, de modo que caísse atravessada no rio por onde os Suquamish seriam atacados. Como os ataques eram feitos durante à noite, os inimigos terminavam se chocando com o tronco de árvore. Enquanto se ocupavam em tentar salvar suas canoas e equipamentos, os homens de Seattle os atavam de terra firme. Logo depois da vitória contra as tribos da região de Green Rivers, ele se apropriou do nome do avô – Seeyahtlh – e se tornou o chefe das tribos Suquamish e Duwamish.

Em 10 de janeiro de 1854, diante do Governador de Washington, Isaac Stevens, recomendou a suas tribos que fossem para a reserva que o governo lhes destinava. Sabia que não poderia resistir às armas de fogo, caso optasse pelo confronto. Por isso preferiu deixar suas palavras para a história e assegurar direitos que considerava inegociáveis para o seu povo. “The indian’s night promises to be dark” (“a noite dos índios será escura”), teria dito ele na ocasião, de acordo com Henry Smith.

Os anos seguintes cuidaram de confirmar a profecia do velho chefe. Ele tentou fazer com que o governo cumprisse as promessas, mas pouco conseguiu. Morreu em 7 de julho de 1866.

A CARTA

“O grande chefe de Washington diz que quer comprar a nossa terra. Essa idéia é estranha para nós. Como é possível comprar ou vender o céu e o calor da terra?  Se o ar fresco e o brilho das águas não nos pertencem, como podemos vendê-los?

Cada parte desta terra é sagrada para meu povo. O ramo do pinheiro, os grãos de areia à beira-mar, a névoa na floresta escura, o vaga-lume e o beija-flor, todos pertencem à história e às tradições de meu povo.

A seiva que corre nas árvores carrega memórias do homem de pele vermelha. Conhecemos a seiva das árvores como conhecemos o sangue que corre em nossas veias.

O homem branco não compreende nosso modo de viver. Uma porção de terra, para ele, é como outra qualquer.  A terra não é sua irmã, nem sua amiga,. Depois de exauri-la, abandona-a, deixando para trás o túmulo de seus antepassados e os sonhos de seus filhos.

O homem branco trata a sua mãe – a terra – e seu irmão – o céu – como bens a serem comprados e vendidos, como faz com as ovelhas e as pedras preciosas. Quando o homem branco morre e vai caminhar entre as estrelas, esquece sua terra de origem.

Mas a morte de um homem de pele vermelha nunca é esquecida por sua terra. As flores perfumadas são nossas irmãs; os cervos, os cavalos, as grandes águias são nossos irmãos. Os cumes rochosos, os sulcos úmidos das campinas, o coração que pulsa nos potros e o homem – todos pertencem à mesma família.

Quando o grande chefe de Washington diz que quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós. Diz que nos reservará um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos suas crianças.

Nós iremos considerar sua oferta. Mas não será fácil, pois esta terra é sagrada para nós. A água brilhante que corre em nossos rios não é só água; é também o sangue de nossos ancestrais. O murmurar das águas é a voz de meu avô. Os reflexos no lago contam histórias da vida de meu povo.

Os rios são nossos irmãos. Os rios matam  nossa sede, carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças.

Se vendermos nossa terra, o grande chefe de Washington deverá ensinar a seus filhos que os rios são também seus irmãos, e que, doravante, deverão tratá-los com a mesma gentileza com que tratam seus irmãos.

Nossos costumes são diferentes. A visão de suas cidades faz doer os olhos do homem de pele vermelha. Talvez porque eu seja um selvagem e não compreenda.

Não há lugar calmo nas cidades dos homens de pele branca. Não há lugar onde se possa ouvir as flores desabrocharem na primavera ou o bater das asas de um inseto. A algazarra insulta os ouvidos.

Mas o que é a vida, se não podemos ouvir o solitário choro de uma ave ou a conversa dos sapos, à noite, ao redor da lagoa? Sou um homem de pele vermelha e não compreendo.

Prefiro o suave murmúrio do vento que vem do lago e bate no rosto, e o cheiro do vento banhado pela chuva e perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem de pele vermelha. Todos o seres compartilham o mesmo ar, os animais, as árvores, o homem. O homem branco parece não notar o ar que respira. Como alguém que agoniza longamente, ele se torna insensível ao mau cheiro.

Se lhe vendermos nossa terra, o grande chefe de Washington deverá lembrar-se que o ar também é sagrado para nós, que o ar compartilha seu espírito com todos os seres a quem dá vida. A brisa que permitiu a nosso avô sua primeira inspiração também recebeu seu último suspiro.

Esta terra deverá permanecer intacta e sagrada, como um lugar em que até o homem branco possa saborear o vento adoçado pelas flores da campina.

Deverá também tratar os animais desta terra como seus irmãos. Meus olhos já viram búfalos abandonados na planície pelo homem branco que atirara neles de seu trem. Eu sou um selvagem e não compreendo como um cavalo-de-ferro fumegante pode ser mais importante que os búfalos.

O que seria dos homens sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma imensa solidão de espírito. O que quer que aconteça com os animais, logo acontece com os homens. Todas as coisas estão ligadas.

O grande chefe de Washington deverá ensinar às suas crianças que o solo sob seus pés contém as cinzas de nossos avós. Assim eles aprenderão a respeitar a terra.

E deve ensinar a elas o que temos ensinado às nossas :  que a terra é nossa mãe. O que acontece com a terra, acontece com os filhos da terra.

Não foi o homem que teceu a rede da vida; ele é apenas um fio nessa trama. O que ele fizer a esse tecido, estará fazendo a si próprio. Mesmo o homem branco não pode ser dispensado desse destino comum.

Uma coisa nós sabemos, e o homem branco poderá um dia descobrir – nosso Deus é o mesmo Deus. O homem branco pode pensar que O possui, da mesma forma que deseja possuir nossa terra : mas não pode.

Ele é o Deus de todos os homens, e sua compaixão é a mesma, seja para o homem branco ou o homem de pele vermelha. Esta terra é preciosa para Ele, e feri-la é desrespeitá-lo.

Os brancos também passarão ; talvez mais rápido que as outras tribos. De tanto contaminarem sua cama, serão sufocados em seus próprios dejetos. Mas, ao morrer, brilharão como um incêndio, iluminados pela força do Deus que os trouxe à terra e que por algum propósito especial lhes deu domínio sobre ela e sobre o homem de pele vermelha.

O destino é um mistério para nós. Não entendemos por que os búfalos são mortos, por que os cavalos selvagens são domesticados, por que os recantos secretos das florestas estão impregnados do hálito de tantos homens e a vista de colinas perfeitas é maculada pela presença de fios que falam.

Onde está o bosque? Desapareceu.

Onde está a águia? Foi embora

Sabem o que significa dizer adeus ao potro veloz e à caça?

É o fim da vida 

e o começo da sobrevivência

Quando o último homem de pele vermelha for banido junto com sua selva, e sua memória for somente a sombra da nuvem passando sobre as campinas, ainda estarão aqui os terrenos à beira-mar? E as florestas? Terá sobrado algo do espírito do meu povo?

Amamos nossa terra como uma mãe ama seu bebê. Portanto, se lhe vendermos nossa terra, grande chefe de Washington, ame-a como nós a amamos. Tome conta dela como temos tomado. Guarde em sua memória a lembrança da terra que lhe entregaremos. Preserve-a, para que todas as crianças e todos os homens a amem, como Deus ama a todos nós.

De uma coisa nós sabemos : há somente um Deus. Nenhum homem, de pele vermelha ou branca, pode desconhecer isto. Somos irmãos, apesar de tudo.”

Suficiente

Sim!!! Há o suficiente no Mundo para atender a todas as necessidades de todos os Seres. Não há o suficiente para atender a avidez desmesurada que é filha dileta da ganância e que produz a escassez de recursos para muitos.

Escutar

Aquele que tem dificuldade de “escutar”, ou seja, de considerar os pequenos e os grandes toques da vida cotidiana, não reflete. Quem não reflete, infelizmente, repetirá, ininterruptamente os mesmos equívocos.

Quem não reflete tem a Alma, o discernimento adormecido.

O Aprendiz

O Aprendiz diz ao Mestre: Eu busco pela Luz do Discernimento. O Mestre, abençoando o discípulo, diz: Que Ele ilumine o teu Espírito.

O Desconhecido, o Apego e a Aversão

Três grandes fatores obstruem os nossos Caminhos: o Desconhecido, o Apego e a Aversão. O Apego interdita o fluxo da renovação. A Aversão afasta as experiências que levam à reflexão e os dois juntos impossibilitam o acesso ao Conhecimento Experencial que nos impulsiona às transformações necessárias.

Deseja superar os abismos interiores?

Deseja superar os abismos interiores? Então, há que vencer seus medos mais profundos e as “histórias” mentais que os sustentam.

Seres Compartilham

Você já percebeu que todos os Seres compartilham conosco a suprema experiência do bem querer?

A Natureza, a Razão, o Experimento….

Que a Natureza, a Razão, o Experimento, a Sensibilidade, a Intuição, a Inspiração e a Leitura sejam o Guia, o Bastão, os Óculos e a Lâmpada para Aquele que participa da continuada Alquimia da Vida.

(Michael Maier)

Somos exploradores e a fronteira mais instigante do nosso tempo é a consciência humana.

Somos exploradores e a fronteira mais instigante do nosso tempo é a consciência humana. Nossa busca é a integração entre Ciência e  Espiritualidade, uma visão que nos lembra da ligação que temos com o nosso Eu Interior, com os Outros e com a Terra.

(Edgar Mitchell, Astronauta).

“Homem da Vassoura”

Hoje é 25 de abril de 2020, sábado. Alta Pandemia de Covid 19. Uma manhã de céu azul magnífico e infinito. Temperatura aprazível. Reina um agradável e gracioso silêncio, entrecortado apenas pelo canto dos pássaros e pelo som longínquo de uma motosserra. Contudo, inesperadamente, este cenário é invadido por uma vóz próxima, cantada, pausada e monótona. Escuto o “Homem da Vassoura” anunciado o seu produto daquela forma peculiar que, talvez, a maior parte de nós conhece desde a infância: Óóóóólha a vaaassoooura… Óóóólha a vaáaassoooura…
De pronto me pergunto: O que isto significa? Estaria ele anunciando o final da quarenta? Ou apenas enfrentando o seu temor com a sua ousadia, se enchendo de coragem? Ou será que a sobrevivência o faz se arriscar? Ou será apenas a retomada mecânica da vida cotidiana? Ou quem sabe a síntese de tudo isto?
Ao me fazer todas estas indagações, me veio de súbito à memória a imagem do Guardião dos filmes medievais. Aquele Soldado que realiza a ronda noturna carregando na mão uma espécie de lampião proclamando, numa vóz arrastada e monótona, a sentença das horas: São oito horas e tudo está bem, são nove horas e tudo está bem, são dez horas e tudo está bem…
Saberia o “Homem da Vassoura” o que está acontecendo a sua volta e no mundo? Estaria sendo tocado psiquicamente, emocionalmente pela pandemia? Isto teria algum tipo de impacto sobre o seu Ser? Estaria ele aprendendo ou refletindo sobre a sua própria existência? E o “Homem da Motosserra” longínqua? Quantas árvores antigas e frondosas estariam sucumbindo diante de seus pés e através de suas mãos? Isto significaria algo para ele? Seu trabalho? Sua sobrevivência? Meramente um fazer? Teria ele medo do Covid ou se sentiria imune por estar realizando a sua lida em espaço aberto? Muitas perguntas que permanecerão apenas como perguntas…
Hoje é dia 18 de junho de 2020, quinta-feira. Ainda estamos às voltas com o Covid 19, num mar de incertezas e com medos crescentes em muitas mentes e corações. Sorrateiramente, um cáos social, emocional, espiritual e relacional começa a se expandir. Paira no ar uma densa cortina de apreensão.
Curiosa e repentinamente, como que num rápido flash, o “Homem da Vassoura” novamente se apresenta para mim, não mais como um Ser que concretamente atravessa o meu caminho e sim como uma memória significativa com novas indagações: O que, de fato, estaria ele anunciando? Travessias? Nos chamando a atenção para algum fato de singular relevância? Nos dizendo que está expirando o tempo de redimensionamentos em todos os âmbitos?
O que será que ele aprendeu neste período? E nós? O que aprendemos? O que emergiu individual e coletivamente que nos fará saltar para outro patamar de consciência? O que se tornará apenas uma memória passageira, destituída de qualquer reflexão? O que será uma História para se contar? E aqueles que, por diferentes razões, tiveram o “privilégio” de passar incólumes por este processo, que não tiveram suas vidas dramaticamente marcadas pelas dificuldades deste momento? Passaram por quais experiências e reflexões?
Muitas indagações, poucas respostas.
A única coisa que eu sei com clareza é que o “Homem da Vassoura” não mais fez a sua ronda habitual. Teria ele sucumbido física ou emocionalmente ao Covid 19?

Digital Humana no Mundo

“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era Judeu. Como não sou Judeu, não me importei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era Comunista. Como não sou Comunista, não me importei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho Católico. Como não sou Católico, não me importei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar”.
Um relato desta natureza nos remete à muitas reflexões. Pode acordar em nós um desejo pacífico de transformação ou uma indignação feroz. O que será “acordado” em nós vai depender de nossas próprias necessidades de expressão no mundo e, também, de nossos avanços Sapiens. Martin Luther King diz que nossas vidas começam a sucumbir, a perder o sentido, no dia em que nos calamos sobre as coisas que realmente importam. Eu acrescentaria à fala dele que nossas vidas também começam a sucumbir, a perder o sentido, no dia em que, necessitando derramar a nossa fúria sobre o mundo para aliviar as nossas tensões, traímos a nossa condição de Sapiens e nos tornamos répteis.
Inevitavelmente, tudo o que ocorre no mundo nos afeta. Nem o silêncio cúmplice ou temeroso, nem a fúria devastadora parecem ser uma resposta apropriada. Novamente, como diria Luther King, a violência nunca traz uma paz permanente. Nesta mesma linha de raciocínio, ele enfatiza que uma das coisas mais importantes da não violência, ou seja, de uma atitude sóbria e equilibrada diante da adversidade, é que ao invés de destruir pessoas e coisas, as transforma para mais. Felizmente, mesmo no meio de um grande caos social e psicológico marcado pelo medo, pela corrupção, pelo oportunismo…, já estamos testemunhando expressões, atitudes de alguns seres marcadamente Sapiens. O Sapiens, mesmo sob o efeito de emoções desconcertantes como o medo, a indignação, a fúria…, tem a consciência de que uma resistência não violenta é uma magnífica ATITUDE de amor ao próximo. Sacrifica sua fúria individual pela pacificação do coletivo. Isto significa que estamos começando a praticar o que todos os Grandes Sábios de todas as épocas nos ensinaram e que Gandhi brilhantemente sintetizou: De forma suave você pode sacudir o Mundo.

Historicamente, este é o momento de imprimirmos a nossa digital Humana no Mundo.

Nós, Seres Humanos…

Nós, Seres Humanos, estamos na Natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma proporção que os Anjos estão para nos auxiliar. Por isso, quem maltrata um animal é alguém que ainda não aprendeu a amar.

Chico Xavier

Vira Lata? Eu?

Tenho a fama de ser Vira Lata. Mais recentemente, creio que para ficar mais chique, passaram a me chamar de SRD (Sem Raça Definida). Contudo, cá com meus botões, descobri que sou um Ser Singular. Você sabia que por carregar a mistura genética de mais de uma raça sou menos propenso a desenvolver doenças? Na verdade, sou uma síntese de muitas possibilidades a ponto de carregar uma carga genética única. Paradoxal, né? Múltiplo, porém, único! Tanta informação genética dentro de mim faz com que eu tenha muita facilidade de aprendizagem. É só ter um pouquinho de paciência comigo que aprendo rapidinho. Não tenho resistência para aprender coisas novas, pelo contrário, adoro experiências que me fazem superar meus limites. A memória de muitos de meus irmãos dentro de mim, me torna muito versátil, dócil. Não preciso afirmar uma superioridade racial, pois, conheço a Síntese e ela me parece um tipo muito especial de inteligência.
E mais, dizem que nós Vira Lata, por não termos a interferência direta dos Homens em nossa genética, a Natureza pôde realizar o seu trabalho com Sabedoria e a contento. Isto fez com que nos tornassemos singulares, com características próprias, sem ter um comportamento padronizado.
Com tudo isto, fico me perguntando: Se a Natureza nos mostra que a somatória de múltiplas informações genéticas (e outras) nos deixam, a nós Vira Lata, mais aptos para a vida, será que o mesmo se aplica aos Seres Humanos? Se sim, por quê brigam tanto por território, por poder, por superioridade racial, por status…?
Vai entender essas coisas de humanos…

Infinito Amor pela Vida

A Busca por Conhecimentos Diferenciados que instruem o nosso Ser e as experiências discernidas que nascem, por meio do exercitamento destes Conhecimentos, não tem Pátria e nem Tempo. Pertence a cada um de nós e está em todos os lugares do mundo. Acessível para todos, posto que foram transmitidos de formas infinitas para que tanto o douto quanto o simples pudesse deles se servir. Por esta razão, todo “Conhecimento” reivindicado como Único e Absoluto está em desconformidade com a Generosidade do Universo que tem a todos os seres, sem exceção, como uma expressão de seu infinito amor pela Vida. Dito de outra forma, a cada um de nós o Universo confiou uma parte de sua Grandiosa Obra. À semelhança de um imenso quebra-cabeça, só teremos uma percepção Una DEle (Total) quando, de onde estamos, pudermos avistar a conexão entre todas as partes. Aquele que se sabe uma singular parte deste imenso quebra-cabeça e se compraz em compor com as demais peças distintas de si, certamente Conhecerá a Iluminação do Ser. Aquele que é diferente de mim não é meu inimigo. Me complementa.

O Ciclo das Justificativas

Com frequência nos perguntamos: o que acontece que a minha vida não anda? Por quê vivo reiteradamente as mesmas coisas? Por quê as mesmas angústias, medos, travas, apreensões, sobressaltos, dúvidas… estão presentes em meus dias? Por quê tudo isto parece ser maior do que Eu? Já estudei apaixonadamente sobre as questões da Alma buscando por respostas esclarecedoras. Já participei, numa atitude genuína de entrega, de uma infinidade de cursos, de retiros de autoconhecimento e, ainda assim, me vejo repetindo experiências que mantêm tudo isto acontecendo dentro de mim. Por quê? Por quê?
Diálogos desta natureza ocorrem o tempo todo dentro da gente. Sem que saibamos, escondem um dos maiores enganos acerca dos esforços que realizamos na busca da superação de nossas limitações. Acreditamos, porque assim nos foi dito, que leitura de obras qualitativas nos transformam. Acreditamos que cursos filosóficos nos revolucionam. Acreditamos que mergulhos esporádicos para dentro nos iluminam. Acreditamos, acreditamos, acreditamos…, porém, desconhecemos, porque ainda não aprendemos, algumas questões de relevância que não nos permitem, de fato, saltar para o próximo degrau almejado. Desconhecemos que as informações, por mais extraordinárias que sejam, tão somente nos apresentam a existência das coisas. Desconhecemos que Cursos, Retiros nos inspiram filosoficamente e nos propiciam ferramentas psico-espirituais a serem exercitadas. Desconhecemos que colecionamos experiências dolorosas de vida como se fossem bens preciosos a serem protegidos. Desconhecemos que, numa atitude defensiva, utilizamos a nossa “História de Vida” sofrida para justificar, numa relação de causa e efeito, as razões pelas quais pensamos e agimos desta ou daquela maneira. Desconhecemos que, ao assim proceder, criamos uma espécie de repetição sem fim de determinados estados mentais e emocionais. Desconhecemos que com tudo isto, sem perceber, construímos cotidianamente os Labirintos infindáveis da Vida. Os criamos e neles nos aprisionamos.
Desconhecemos que quando nos JUSTIFICAMOS nos absolvemos da parte que nos cabe em cada circunstância, em cada fato ou experiência de nossas vidas. Ao nos absolvermos não nos reconhecemos no fato. Na medida em que não nos reconhecemos nos fatos NADA temos a ver com isto, não estamos implicados. Se nada temos a ver com os fatos que ocorrem em nossa existência a responsabilidade sempre será de algo ou alguém fora de nós. Se assim é NADA temos a ressignificar dentro de nós. Se nada temos a ressignificar como encontrar a saída para fora de nossos Labirintos existenciais? A equação abreviada seria: Quando me justifico, me absolvo. Se me absolvo, não me reconheço no fato. Se não me reconheço no fato, nada tenho a ver com isto. Se nada tenho a ver com isto, nada tenho a mudar.

Segundo os Mestres da Sabedoria…

Segundo os Mestres de Sabedoria, existe uma espécie de “portal” entre a Dimensão Humana e a Sabedoria do Universo. Raramente o percebemos por vivermos na periferia de nosso Ser. Somente o cultivo diário de uma Atitude de Interioridade nos possibilita a percepção deste portal e a travessia pelo Reino do Intelecto Filosófico e nos faz aportar no Reino da Singularidade da Alma. É neste “Espaço Psíquico” que Universo e Alma Humana se encontram. É deste encontro que, de fato, nasce um diálogo fecundo de Discernimento que promove os avanços no Homem e no Cosmos. Mergulhando na Simplicidade, o homem se despe das roupagens construídas para o trânsito pela vida comum e se descobre como Singularidade Desperta, como Sapiens.

Em Todas as Eras…

Em todas as Eras, os Seres Atentos percebem as metamorfoses que a Vida e o Planeta realizam. Percebem, também, que cada Época é regida por um Grande Tema, uma espécie de Conhecimento Necessário que irá estimular e estruturar os avanços daquele momento. Em outras palavras, nosso Planeta é Vivo e se move por uma espiral ascendente. É nascido de explosões Cósmicas colossais. Nossa Origem já é marcada por expressivas ondas de destruição e reconstrução. Há momentos de estabilidade e relativa segurança para que a Vida possa emergir, prosperar e gerar experiências e há momentos de profundos e irreversíveis abalos decorrentes da estagnação daqueles que vivem em dado período e que coloca em risco a Jornada Ascendente pela Espiral da Vida. Isto quer dizer que todas as vezes que uma Era for marcada por significativa paralisia, conjuntamente com um desenraizamento (uma espécie de esquecimento) de nossa Origem (vínculo com a Mãe Natura), haverá de se ter processos intensos de autorregulação planetária. Quando a Vida que vive no Planeta atinge seu apogeu e não realiza saltos por si mesma ela envelhece. Tudo que “envelhece” perde a vitalidade, portanto, caminha para a morte. Antes que um expressivo processo de desvitalização ocorra colocando a Vida em risco, a própria Vida se valerá de alguns mecanismos revitalizadores e um deles é a extinção de tudo aquilo que já cumpriu o seu Ciclo. Historicamente, nosso Planeta já foi habitado por Seres Unicelulares, por Seres chamados Violentos (grandes répteis e outros viventes), por Seres ditos oportunistas (aqueles que melhor aproveitaram as oportunidades de território, alimento, procriação), por Seres Cognitivamente Inteligentes e, atualmente, por Seres que Buscam um tipo Especial de Inteligência que pode receber vários nomes: inteligência emocional, inteligência espiritual…
Qual o grande engano que nos faz “envelhecer” e colocar em risco a nossa própria sanidade individual e coletiva e a Vida Planetária? A nossa arrogância, o nosso desejo de poder, a forma desrespeitosa e predadora para com a nossa grandiosa e generosa Mãe Natura. A nossa arrogância decorre de uma infundada crença de que somos a espécie dileta de Nosso Criador e que podemos dispor das vidas das demais espécies ao nosso bel prazer. O nosso desmesurado desejo de poder, ainda, é reminiscência, de um psiquismo profundamente arcaico que sussurra, quase que de forma inaudível em nossos ouvidos, que deve sobreviver sempre o mais forte e, é claro, cada um de nós assim se acredita. A forma desrespeitosa e predadora com a qual nos relacionamos com a Natureza e com os seus demais Filhos é um desdobramento da perigosa crença de que somos os filhos diletos do Criador. Ainda não percebemos, de fato, qual é o Grande Tema de nossa Época, muito embora cognitiva e filosoficamente, versamos brilhantemente sobre ele. O Grande Tema, que pede atitudes realizadoras para tornar-se a próxima espiral do salto, só foi recebida pela via cognitiva\filosófica em todo o Globo Terrestre. Poucos o materializaram como atitudes concretas na experiência da vida cotidiana.
No “Mundo” Inteiro, diferentes Seres Inspirados transmitiram Conhecimentos de Sabedoria de conformidade com a sua Cultura, Ensinamentos estes de Misericórdia, Compaixão, Diferenciação para forjar um Ser que recebeu antecipadamente o título de Homo Sapiens. O Universo confiou de forma extrema em sua própria Criação e a Criação desconsiderando “o viverá com o suor de seu próprio rosto”, posto que leu de forma equivocada o que lhe foi dito, entendendo como castigo e não como um extraordinário privilégio de autoconstrução, sentiu-se como um Ser Concluído, Pronto. Que pena. Leituras equivocadas podem gerar grandes e irreversíveis tragédias.
Faz-se necessário nos alfabetizarmos no Grande Tema Terrestre deste momento: Ampliação de Consciência, Consideração pela Vida em todas as suas manifestações (redimensionar nossas crenças de superioridade em relação a toda e qualquer expressão de Vida), Trabalho continuado sobre o aperfeiçoamento de nossa condição de Sapiens.
Se tudo isto for desconsiderado, corremos o iminente risco de agirmos como seres ancestrais, porém, com um agravante: a nossa inteligência pode ficar a serviço do medo e fazer com que expressemos mais crueldade para com os filhos da Natureza, para com os nossos pares e para conosco mesmo. É necessário nos tornarmos, de fato, Aquilo para o qual fomos cunhados para sermos: Homens, Seres governados pela Sabedoria.

Todos os dias…

Todos os dias, por alguns instantes, consigo adentrar em um reino onde são plantadas as sementes de nossos sonhos mais singulares. Lá encontro, germinando, infinitas outras sementes e percebo que não sonho sozinho a construção de um mundo diferenciado. Em meus sonhos mais profundos, vejo sementes transformando-se em colossais árvores de sabedoria inspirando e convocando os Seres que ainda dormem.

Eu Vi. Mas Nada Fiz.

Tenho observado que a maior parte do tempo vivemos psiquicamente numa região intermediária. Em uma espécie de penumbra perceptiva onde vemos, porém, paradoxalmente não vemos. Experenciamos os fatos da vida cotidiana como um breve relâmpago. É tão rápido que o acesso à informação desaparece instantaneamente. “Eu Vi” o copo muito próximo à borda da mesa mas ele se tornou uma “realidade” perceptível somente quando caiu e quebrou. “Eu Vi” que uma tempestade estava prestes a se formar, porém, ela só se tornou fato para mim quando constatei aposentos empoeirados e molhados. “Eu Vi” a criança canina, a criança gatina e a criança humana com mal estar, contudo, só percebi a gravidade quando adoeceram gravemente ou irremediavelmente. “Eu Vi” o relacionamento afetivo se desvitalizando e um véu de obscurecimento recaindo sobre a minha percepção. “Eu Vi” as dores da Natureza, fruto de minha ação desconstrutiva, junto com as de muitos outros seres, a levando ao exaurimento. “Eu Vi” o meu silêncio ser uma atitude de conivência com tudo aquilo que fere a minha alma. “Eu Vi” a necessidade de redimensionar as minhas crenças, as minhas verdades e as atitudes decorrentes delas mas, rapidamente, adormeci. “Eu Vi” as possibilidades de agir completamente diferente de tudo isto, entretanto, isto foi apenas um lampejo. “Eu Vi”… Mas Nada Fiz. Fico a me perguntar: O que se passa comigo? Será letargia? Será adormecimento? Será que vejo os acontecimentos da vida como se fossem quadros congelados, desprovidos de movimento? Será que não consigo perceber que, absolutamente, todas as coisas são vivas e que, por serem vivas, se movem o tempo todo independentemente de minha vontade? Curiosamente, tudo indica que o meu campo perceptivo, no grau de consciência que tenho, desconhece os desdobramentos de tudo o que faz parte de minha existência. Algo dentro de mim, me faz pressentir que há um Mandato silencioso, porém, poderoso governando o meu mundo psíquico: Silencie a sua própria percepção para que não se saiba co-autor na maior parte dos eventos que lhe acontece.

Há Momentos de Desolação. Há Momentos de Regeneração.

Existem na Natureza e em nossas existências ciclos de dissolução e ciclos de regeneração. Os Ciclos de dissolução, no geral, estão à serviço de um princípio evolutivo muito singular: O Desapego. Temos por hábito fazermos esforços para estabilizar, congelar, determinados fatos, circunstâncias e pessoas em nossas vidas. Ingenuamente “colecionamos” pessoas, experiências, fatos… que entendemos ser sinônimo de uma vida feliz e realizadora. Acreditamos que configurações estáveis “para sempre” denotam escolhas diferenciadas. Acreditamos que “congelar” a vida num pequeno rol de experiências significa felicidade. O que desconhecemos é que a vida é dinâmica e exige de nós constantes redimencionamentos, constantes saltos qualitativos na compreensão das próprias experiências. Quando nos detemos em demasia em estilos de imobilidade psíquica e na repetição circular de determinados hábitos, o Movimento inerente à vida (pois, tudo o que é vivo está em constante vibração e movimento, fazendo um contra ponto com tudo aquilo que está inerte, morto ou desvitalizado), gera linhas de ação que, gradualmente, nos desaloja de nossa ilusória estabilidade. Nos faz rever crenças, nos faz rever apegos, nos faz rever verdades… Se resistirmos ao convite de migrarmos do movimento circular para o movimento em espiral, se nos recusarmos a realizar o avanços qualitativos necessários seremos severamente devastados. Se, por outro lado, aceitarmos o convite para os avanços necessários seremos tão somente calcinados, ou seja, seremos “cozidos” o suficiente em nossa Natureza Crua. Isto significa que uma parte de nosso Desconhecimento (Ignorância), Apego e Aversão passarão por processos reflexivos e, com isto, abrirão espaço para as resignificações necessárias. Por mais incrível que pareça, são as diferentes crises que geram ciclos de regeneração. Interessante sabermos que a palavra crise, em sua origem, é a junção de duas ideias poderosas: dificuldade e oportunidade, portanto, traduzindo, crise significa Oportunidade na Dificuldade.

A Adversidade Revela o Homem para Si mesmo

Estava eu na lida da vida cotidiana, em um espaço do quintal em que podia da rua ser avistada, quando escutei: Hei moça! Faz favor um pouquinho.
Voltei o olhar para o portão e lá estava um Homem magro, de estatura média, aparentando cerca de uns quarenta e tantos anos, porém, penso que deveria ter menos. Me pareceu um tanto desgastado pelas intempéries da vida que por alguma razão “escolheu” viver.
Por ser um desconhecido, o chamarei respeitosamente do Homem do Brócolis.
Fui até o portão. Fitei o Moço por alguns instantes e em fração de segundos me passou pela mente e pelo coração milhões e milhões de pensamentos e emoções indescritíveis. Algo naquele rapaz, de alguma forma, tocou o meu Ser.
Portava nas mãos quatro sacolas meio que surradas de supermercado. As abriu e pude ver que em duas delas havia brócolis meio que amarelecido, porém, ainda, próprio para consumo e em duas havia uma quantidade generosa de quiabo com aparência bem viçosa e me perguntou: quer comprar? Peguei ontem no Supermercado.
Talvez porque demorasse um tanto a responder, por estar imersa em um estranho redemoinho de sensações, ele novamente pergunta: e, então, quer comprar? Eu indago: quanto custa? Ele me diz quatro reais o brócolis e quatro reais o quiabo. Fiquei a me questionar o por quê do mesmo valor para o brócolis que tinha duas cabeças pequenas em cada sacola e para o quiabo que continha uma grande quantidade. Como que telepaticamente lendo meus pensamentos, disse: O brócolis está quase que passando, precisa ser feito logo. O quiabo vai durar mais tempo. Naquele instante percebi que ele tinha noção do que estava vendendo e que estava usando, consciente ou inconscientemente, uma das Leis Universais mais extraordinárias para que a Vida aconteça: O Princípio do Equilíbrio, ou seja, aonde existir uma falta haverá de se ter uma contra parte que equilibra as forças entre si! Novamente fui tomada por uma estranha sensação e, por perceber meu pronunciado silêncio, perguntou: Vai comprar? Respondi: Sim. Vou. Fui buscar o dinheiro. Voltei com uma nota de dez reais. Entreguei a ele, peguei a mercadoria e lhe disse: Está certo. Ele rapidamente respondeu: Não está certo não moça. Tenho que lhe voltar dois reais. Novamente uma sensação peculiar me invadiu e novamente meu silêncio reinou. Retirou do bolso notas desgastadas, porém, bem arrumadinhas de dois reais e me entregou uma agradecendo pela compra e se foi. Neste momento me veio confúcio à cabeça: “A adversidade revela o homem para si mesmo”.
Que surpresa extraordinária ver a adversidade acordando neste Homem a dignidade! Mesmo tendo parcas condições materiais, a dignidade dele prevaleceu sobre a necessidade! Não havia ágio em seus produtos, não havia a intenção de comover emocionalmente para obter vantagens, não havia trapaça na qualidade de sua mercadoria. Estava tão somente trabalhando. A sua dignidade me revelou que dificuldade financeira não é, necessariamente, sinônimo de falta. Que pode existir estilos de vida aonde a prosperidade material não é o parâmetro de relevância e nem a ausência de recursos materiais sinônimo de sofrimento. Que, em determinadas circunstâncias, o menos pode ser mais. A sua dignidade me faz rever uma cadeia de crenças mais desgastada do que a sua desgastada aparência. A sua dignidade me faz acreditar que, de fato, é em épocas de adversidade que as nossas luzes e as nossas sombras se tornam visíveis.

De Tempos em Tempos…

De tempos em tempos o Planeta Terra convulsiona, seja através de seus processos naturais, seja através das ações desmedidas do Homem sobre Ela, seja através dos infortúnios arquitetados por seres Pré Humanos, cheios de ganância, arrogância e desejo de poder a qualquer custo. Independentemente de onde provenha o desalinho e os perigos mortais ou não deste momento, penso que que se faz necessário arrancarmos forças e confiança das profundezas de nosso Ser para mantermos o equilíbrio e a serenidade para que não sejamos tão somente o não transmissor de uma agente biológico. Necessitamos, sobretudo, não nos tornarmos transmissor de um patógeno psíquico. Este sim tem o poder de causar danos que não tem prazo de validade em reverberação. O contágio psíquico pode ser infinito e devastador. Ou seja, mesmo cessando o perigo real pode continuar fazendo vítimas emocionais que não conseguem se restabelecer, pois, ficam congeladas em suas próprias memórias de medo.
Não podemos, em hipótese nenhuma, sermos displicentes ou negligentes neste momento, porém, também não podemos engrossar a fila daqueles que proclamam uma tragédia desmedida. Precisamos de equilíbrio. Precisamos considerar uma das Leis Universais mais extraordinária do Universo: a Lei da Vibração. Esta Lei postula que “Nada se encontra parado. Que tudo se movimenta. Que tudo vibra”. Traduzindo, isto quer dizer que tudo aquilo que chamamos de Luminoso ou Sombrio; Bom ou Mal; Fortúnio ou Infortúnio; Medo ou Confiança; Esperança ou Desesperança… se movem por igual. Mas, então, se tudo se move por igual o que faz acontecer a preponderância de um sobre o outro? Os Grandes Mestres de Sabedoria nos responderiam que isto ocorre por várias razões, porém, sobretudo, por duas razões especiais: pela forma como a Mente Humana se move e pelas atitudes concretas decorrentes de como a nossa Mente se Move. Diante deste Conhecimento tão peculiar nos fica a seguinte questão: a forma como cada um de nós está se movendo desde há muito tempo e, particularmente, neste momento está otimizando qual polo da onda? Estamos nos equilibrando individualmente para que o coletivo não colapse e, de fato, o infortúnio deste momento seja passageiro ou estamos auxiliando a amplitude da Onda pelo forma como estamos manejando as nossas mentes, as nossas emoções e a nossas atitudes? Creio que tudo isto merece uma acurada reflexão.

Os Grandes Marinheiros

Os Grandes Marinheiros devem a sua reputação aos mares bravios. Os Seres Humanos Diferenciados devem a sua fortaleza psicoespiritual à superação dos mares bravios da vida cotidiana.

Voos da Alma

Um dia desses eu soube que as borboletas antes de serem borboletas são lagartas rastejantes.
Minha mente muito rápida criou uma feia imagem.
Porém, a consciência que tenho exercitado mais rapidamente se posicionou e falou baixinho para o meu entendimento que todos os Seres assim o são antes de alcançarem os diferenciados voos da Alma.

Dúvidas?

Dúvidas? Indicam que ciclos estão se fechando em nossas vidas. Pedem não necessariamente o abandono do que já está posto. Porém, com certeza, estão solicitando uma profunda ressignificação do como estamos nos movimentando em nossas vidas.

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