“Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era Judeu. Como não sou Judeu, não me importei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era Comunista. Como não sou Comunista, não me importei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho Católico. Como não sou Católico, não me importei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar”.
Um relato desta natureza nos remete à muitas reflexões. Pode acordar em nós um desejo pacífico de transformação ou uma indignação feroz. O que será “acordado” em nós vai depender de nossas próprias necessidades de expressão no mundo e, também, de nossos avanços Sapiens. Martin Luther King diz que nossas vidas começam a sucumbir, a perder o sentido, no dia em que nos calamos sobre as coisas que realmente importam. Eu acrescentaria à fala dele que nossas vidas também começam a sucumbir, a perder o sentido, no dia em que, necessitando derramar a nossa fúria sobre o mundo para aliviar as nossas tensões, traímos a nossa condição de Sapiens e nos tornamos répteis.
Inevitavelmente, tudo o que ocorre no mundo nos afeta. Nem o silêncio cúmplice ou temeroso, nem a fúria devastadora parecem ser uma resposta apropriada. Novamente, como diria Luther King, a violência nunca traz uma paz permanente. Nesta mesma linha de raciocínio, ele enfatiza que uma das coisas mais importantes da não violência, ou seja, de uma atitude sóbria e equilibrada diante da adversidade, é que ao invés de destruir pessoas e coisas, as transforma para mais. Felizmente, mesmo no meio de um grande caos social e psicológico marcado pelo medo, pela corrupção, pelo oportunismo…, já estamos testemunhando expressões, atitudes de alguns seres marcadamente Sapiens. O Sapiens, mesmo sob o efeito de emoções desconcertantes como o medo, a indignação, a fúria…, tem a consciência de que uma resistência não violenta é uma magnífica ATITUDE de amor ao próximo. Sacrifica sua fúria individual pela pacificação do coletivo. Isto significa que estamos começando a praticar o que todos os Grandes Sábios de todas as épocas nos ensinaram e que Gandhi brilhantemente sintetizou: De forma suave você pode sacudir o Mundo.
Historicamente, este é o momento de imprimirmos a nossa digital Humana no Mundo.
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