Curiosamente, Trilogia (na Antiga Grécia) referia-se a um poema dramático composto de três tragédias que deviam ser representadas juntos.
Assim foi, experienciar concomitantemente três eventos encenados no Teatro do Absurdo da vida cotidiana. (1) Uma criança canina, pele sobre osso, resgatada por uma Ong; (2) crianças miúdas praticando, deliberadamente, pequenas e grandes crueldades com seus colegas de escola, na Escola e (3) uma foto magnífica de um grande símio com os olhos voltados para o alto (estaria ele contemplando os céus?) e segurando delicadamente, em uma das mãos, um pequenino Ser.
Pois bem, vamos aos fatos:
Primeiro Poema trágico: a criança canina pele sobre osso resgatada por uma Ong , ao ser radiografada, revelou uma quantidade expressiva de pedras brita em seu estômago e veio a óbito no dia seguinte ao seu resgate.
Segundo Poema trágico: as crianças humanas praticando, deliberadamente, pequenas e grandes crueldades com seus colegas de convivência diária são entendidas como próprio da idade e as Escolas, interditadas, neutralizadas e atemorizadas com as novas “Leis de Diretrizes Educacionais(?)” das Instituições “superiores” a elas, assistem impotentemente os desdobramentos destas mesmas Leis…
Terceiro Poema trágico: na legenda da imagem do grande símio havia uma anotação indagando se ele já teria devorado a Mãe do pequenino e se agora ele estava prestes a devorar o próprio pequeno Ser…
Tudo isto junto, olhando da plateia do grande Teatro do Absurdo da vida cotidiana, causa uma profunda comoção em Seres Sensíveis e uma espécie de invisibilidade dos fatos naqueles que “dormem” para com as dores da vida. Mas como podemos “dormir” diante de fatos tão cruéis, tão gritantes? Simples! Basta acreditarmos que tudo isto não nos diz respeito.
Que o Município, o Estado e a União deveriam se responsabilizar por todas estas questões. Todavia, o mais paradoxal, é que o Município, o Estado e a Nação somos todos nós que transitamos pela vida cotidiana e que um dia escolhemos ascender a algum posto nestas instâncias…
Se transitando pela vida entendemos que tudo isto não nos diz respeito, será que somente o fato de ocupar cargos em instâncias de relevância mudariam as nossas concepções, mudariam as nossas janelas perceptivas? Segundo um provérbio de Sabedoria somos o que somos em qualquer lugar que estamos…
Como não conseguimos ver, “enxergar” uma criança canina pele sobre osso andando cambaleante pelas ruas e farejando alguma possibilidade de alimento e água? Se vemos que estamos com muita pressa, agora não dá tempo, não é mesmo? Ah! É verdade. Eles podem ser hostis ou transmitirem doenças, não é mesmo? Verdade! Isto não me diz respeito e além de tudo ainda posso correr riscos…
Como não conseguimos perceber que crianças humanas são seres em formação, governadas pelos instintos mais básicos do repertório evolutivo e que precisam de tutores diferenciados, com consciência reflexiva para se tornarem humanos de fato e diferenciados! Ah! É verdade. Impor limites apropriados pode traumatizar, não é mesmo? Bela desculpa para nossa inércia no que diz respeito à educação humana de nossos pequenos.
“Quando eu era criança pequenina em Barbacena” os professores eram os nossos segundo pais. Colocavam os limites apropriados. Eram também nossos tutores e nos ensinavam coisas extraordinárias!
Nós os amávamos, tínhamos por eles um profundo respeito e até hoje eles moram carinhosamente em nossas lembranças agradecidas por tudo que nos proporcionaram. Hoje neutralizados estão em sua tutoria, interditados estão no agir que bloqueia a hostilidade rotineira… e, por conta disto, as pequenas e grandes crueldades praticadas pelas próprias crianças, correm soltas nas Escolas fazendo vítimas. Estamos órfãos de adultos humanos diferenciados para nos ensinar acerca da humanidade, da empatia, da amistosidade, do compartilhar, do respeitar, do por favor, do muito obrigado…
E, para finalizar, e isto é muito triste, deslocamos a nossa tendência à agressividade, à hostilidade, ao descaso para os seres da Natureza. São eles os agressores, os ferozes, os hostis…
Maneira elegante de tornar invisível para os nossos olhos a obscuridade de nossas próprias Almas…
Muito pouco provável que o grande símio tenha devorado a Mãe do pequenino Ser e que, também, esteja prestes a devorá-lo. Podemos acreditar nesta tese, de que será devorado brevemente, se assim o desejarmos, se nos for mais confortável. Contudo, como uma imagem vale mais do que mil palavras ou conjecturas, se tivermos uma Alma Sensível, conectada com a Vida, podemos sentir que seu olhar para os céus revela um momento de profunda afeição e amorosidade…
Talvez isto também seja uma conjectura…