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Reflexões

O Alquimista Interior

The Potter é um curta metragem de animação de Josh Burton e equipe. Belíssimo e encantador “The Potter” fala para a alma.

Delicadamente nos mostra a grande alquimia que envolve o despertar de habilidades. Sutilmente evidencia a obscuridade de nosso ser, a percepção sutil que revela o alquimista interior, o desejo de instantaneidade e a compreensão de que se faz necessário um trabalhoso processo de aprendizagem, com o coração, para que as habilidades diferenciadas possam se materializar e nos conduzir a uma clara visão.

Vida Maria

O curta metragem “Vida Maria” produzido por Marcio Ramos, Premiado no 3º Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo, nos possibilita muitos e variados olhares.
Elegemos evidenciar o impulso intrínseco da alma em busca de diferenciação. Há algo singular dentro do ser que o impele para o movimento, para as constantes superações. Entretanto, condições desfavoráveis, sobretudo, se nascidas e perpetuadas dentro da linhagem e ancestralidade familiar, podem fazer adormecer o ímpeto e, desta forma, inviabilizar as transformações necessárias. Nestas circunstâncias, determinados comportamentos são repetidos incessantemente, estagnando as possibilidades de renovação. Entretanto, com esforços extraordinários e determinação é perfeitamente possível escapar dos campos gravitacionais gerados pela tradição. Podemos mudar o rumo de nossa existência a qualquer momento. Para tanto, precisamos nos instrumentalizar para que isto ocorra.
Instrumentalizar? Sim. Mediante determinados exercitamentos podemos “baixar no google psíquico” aplicativos que nos possibilitam realizar ações alquimizadoras em nosso destino. Um destes “aplicativos” é o extraordinário arquétipo do aprendiz que deve, necessariamente, sobreviver à inflação produzida pelo conhecimento racional (que acorda em nós o “sabidinho”) e também sobreviver aos efeitos diluentes da tradição sobre a individualidade.
Em Vida Maria podemos observar os dois fenômenos: o arquétipo do aprendiz que renasce a cada nova geração e a sua diluição já em seus primórdios.

Ficha Técnica
Um filme de: Márcio Ramos
CG: Márcio Ramos
Produção: Joelma Ramos
Co-produção: Trio Filmes
Premiado no 3º Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo, realizado pelo Governo do Estado do Ceará.

A Criação

O autor do vídeo acima parafraseia, de forma instigante, o tema sobre a Origem do Homem constante na Narrativa Cristã de Gênesis. Grande ousadia! Se o fez é porque algo pretendia.
O vídeo foi construído de uma forma primorosa, quer seja em seus personagens, quer seja em sua história. Há nele uma simbólica extraordinária que, uma vez compreendida, se assemelha a um mapa que ilumina o caminho de quem deseja develar alguns dos grandes temas da existência. Por esta razão vamos igualmente ousar.
Vamos iniciar indagando se a história de Adão e Eva não seria uma forma simbólica para nos falar acerca do nascimento e evolução de uma consciência diferenciada no Planeta. E, nesta linha de pensamento, poderíamos nos perguntar sobre a relevância de uma evolução conscencial. Quais seriam as implicações de um desdobramento ou não desta consciência para o Planeta e para o Cosmos? Para discorrer sobre estas indagações, vamos considerar a narrativa imagética do video.

O autor elege como palco para o seu tema um mundo (planeta) muito incipiente, profundamente ancestral, de aparência rústica para nos comunicar “conhecimentos” que subjazem à narrativa oficial. O que pretende nos falar com um cenário desta natureza, cujo primeiro habitante percebido é um réptil? Não seria justamente o grau de consciência e emoção que predominantemente vivemos em nossas vidas cotidianas? E a platéia para quem o Animador apresenta o seu processo de “criação”, após, curiosamente, realizar um ato de reverência é mais instigante ainda, um grupo de rãs. Me pergunto se o autor do vídeo conheceria Heqet – Deusa Egípcia com forma de rã associada à criação e ao nascimento dos homens junto com seu esposo, deus Khnum, o Oleiro Sagrado.
Sob os olhares atentos de sua platéia o Animador apresenta e introduz no Planeta uma outra espécie, um outro ser que passará a fazer parte daquele contexto. Qual a relevância em se inserir um outro ser no Planeta? Seria portador do quê? Agregaria que valor ao mundo no qual foi inserido? O que seria parido, neste momento, com o “nascimento” do ser humano para que o próprio Animador se encarregasse do processo?
É de profunda relevância o fato que desde o princípio da “criação” até a tomada de consciência de si pelo “casal”, o processo é literalmente orquestrado pelo Animador. Por quais razões introduziria em um planeta rústico seres dotados de capacidade pensante, de capacidade discriminativa? Por quais razões semearia seres portadores de consciência diferenciada?
Podemos perceber claramente que o Animador tem uma intenção definida, “sabe” que materializará um labor, basta, observar sua atitude ao iniciar o processo: estrala os dedos como quem se prepara para realizar um trabalho, uma construção com um propósito designado.
Outro ponto de relevância é a transformação física substancial nos corpos do casal após o “comer” da Árvore do Conhecimento. Deixam de ser esboços, deixam de ser marionetes para se tornarem mais complexos, mais consistentes e portadores de uma consciência nascente. Talvez seja esta a alquimia necessária para que o Homem se torne mais apto para dar continuidade, em degrau mais complexo, ao processo de desdobramento da consciência.
E, considerando o Homem como portador e continuador dos desdobramentos da consciência, novamente caímos na questão inicial: qual a relevância da consciência e seus desdobramentos para o Planeta e para o Cosmos?
De conformidade com todos os conhecimentos de Sabedoria, a consciência “acorda”, lança luz na obscuridade, coloca em movimento o que está em estado de potência, gera experiências. O Criador disse em Gênesis: Fiat lux, Faça-se a Luz. E o mundo veio à existência.
E todos podem perguntar: não seria mais interessante o berço cândido e confortável da inércia, de um profundo sono que nos faz ignorar todas e coisas e, por conseguinte, o sofrimento? E todos os sábios ancestrais, em uníssono, nos dizem diante desta indagação: a experiência consciente é a matéria prima da vida, são os fios com os quais o Sagrado tece a continuidade de sua própria existência e o Homem é parte essencial desta tecedura.

Conteúdo Extra – para quem quer entender um pouco mais:

Não podemos deixar de mencionar a semelhança extraordinária do Animador com o Arlequim. Por detrás de sua aparência de tolo ou bufão subjaz o conhecimento dos bastidores de todo o Reino. Sua roupa é revestida de relevante simbólica. Todas as histórias da Jornada do Herói se inicia com o aprendiz na roupagem do louco ou do bufão. Contudo, sua “capacidade criadora”, que vai se revelando aos poucos enquanto realiza a jornada, são as infinitas possibilidades de nossa alma adormecida que enseja o acordar.

Heqet – Esposa do Deus Khnum, o deus que criava os homens em sua roda de oleiro. Heqet, divindade representada por uma rã ou uma mulher com cabeça de rã, estava associada à criação e ao nascimento das pessoas. O casal de deidades materializava a construção e o nascimento dos seres humanos. Como deusa da fertilidade estava associada com os últimos estágios do trabalho de parto.

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