“(…) Ainda tenho diante dos olhos a imagem da minha primeira noite de voo na Argentina, certa noite escura em que cintilavam, como estrelas, as raras luzes dispersas na planície.
Cada uma assinalava, no oceano de trevas, o milagre da consciência. Naquela casa, liam, pensavam, trocavam confidências. Em outra, talvez, sondavam o espaço, quebravam a cabeça em cálculos sobre a nebulosa de Andrômeda. Ali, amavam. De longe em longe, aquelas lareiras piscavam no campo, exigindo seu alimento. Até as mais discretas, como a do poeta, a do professor, a do carpinteiro. Mas entre aquelas estrelas vivas quantas janelas fechadas, quantas estrelas apagadas, quantos homens adormecidos…
Precisamos ousar uma aproximação. Precisamos tentar comunicarmo-nos com algumas das luzes que ardem de longe em longe no campo.”
Saint-Exupéry
Deixe um comentário