Somos o desdobramento sem fim de um Ser Inefável que escolheu se expressar. Já fomos profunda potência imaterializada. Já fomos germe de consciência. Já fomos explosões cósmicas. Já fomos poeira estelar. Já fomos átomos vagando pelo espaço afora. Já fomos uma Terra convulsiva. Já fomos seres inanimados. Já fomos seres unicelulares. Já fomos vegetal. Já fomos animal. Já sentimos a experiência de se arrastar sobre o ventre. Já provamos o doce encanto da inércia. Já sentimos o sabor do sangue de nossas presas. Já sentimos a suavidade do orvalho em noites de lua cheia. Já sentimos as alturas de vôos singulares. Já sentimos o ventre prenho de possibilidades. Já sentimos a experiência de se elevar como Homem. Já sentimos o afago de mãos que tocam a existência para sempre. Já sentimos e, ainda, sentimos as poderosas forças ancestrais se agitando dentro de nosso ser… O que ainda não sentimos, o que ainda não experenciamos, é “aquilo” que acontece quando se faz uma síntese, uma alquimia, de tudo isto dentro de nós.