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O Sapiens, o Planeta e Todos os Seres

Todos nascemos com um quantum mínimo de consciência diferenciada. O extraordinário desafio existencial é, gradualmente, acordar e exercitar uma forma muito especial de percepção que nos permite transcender a ideia de separatividade e nos transportar para a experiência direta da Unidade que existe na Teia da Vida.

Sinta o que os Símbolos comunicam

O Bisão (Búfalo), simbolicamente, nos solicita: Orem/Meditem/Concentrem-se na Harmonia e Paz entre Todos os Seres. Representa a Criatividade da Terra, a Abundância, o Conhecimento da Alma da Natureza, a Generosidade, a Hospitalidade, o Compartilhamento de Trabalho, a Coragem, a Proteção e a Força necessária para vencer os desafios pelos quais passamos, a Formulação de Planos Benéficos que atendem a todos, de conformidade com a medida de cada um. Nos convida a andar pelo Caminho Sagrado, honrado. Nos convida a ajudar a estabelecer uma profunda conexão com a Mãe Terra e o Pai Céu para que possamos ser co-criadores em todos os processos da Vida no Planeta.

Lenda da Mulher do Búfalo Branco  –  Esta Lenda existe há mais de 2000 anos e é originária da Nação Lakota, um dos povos mais relevantes dos chamados Turtle Islands, na América do Norte.

Conta a Lenda que a Mulher do Búfalo Branco apareceu em nosso Mundo durante um período de muita fome, de guerras e desavenças entre vários povos. A história se inicia com dois jovens Lakota, dois guerreiros que passeavam com seus cavalos magros buscando algo para caçar quando, de repente, vislumbraram no horizonte uma figura feminina envolta em uma luz cálida, em uma bruma de fascinantes clarões de luz.

A Mulher estava acompanhada de um Filhote de Búfalo Branco. Era alta, esbelta e usava um vestido com bordados sagrados, uma pluma no cabelo e folhas de sálvia na mão. Era muito bonita, tanto que um dos jovens guerreiros não hesitou em aproximar-se com o desejo de tê-la sensualmente para si. No entanto, e antes que pudesse sequer tocar a sua pele, uma nuvem escura pairou sobre ele disparando um raio de fogo. Ficou carbonizado em poucos segundos.

O outro jovem guerreiro se ajoelhou imediatamente, aterrorizado, entendendo que teria o mesmo destino. No entanto, para sua surpresa, a bela Mulher tocou seus cabelos e, falando em seu idioma, lhe disse que era uma Wakan (O Grande Espírito, O Grande Mistério, O Sagrado, Aquela que Conhece os Mistérios da Criação) e que tinha vindo para auxiliá-los.

A Mulher Sagrada foi recebida com muita reverência no Povoado Lakota. Em reconhecimento a sua Presença Sagrada, prepararam-lhe a melhor tenda, ofertaram-Lhe o que tinham de mais precioso: algumas raízes, alguns insetos, ervas secas e água fresca e, ao acomodá-la no interior, a manhã se transformou em crepúsculo e uma luz de cor âmbar com raios rosados envolveu aquelas Terras por onde se estendiam a fome e a miséria. Depois disso, a Mulher Búfalo Branco os chamou para dar voltas ao redor das tendas para honrar o Sol, para criar um círculo de força com a Vida e agradecer. Mais tarde, apresentou-lhes uma série de práticas espirituais, formas de Reverenciar a Natureza, orando com palavras corretas e proferindo ritos ancestrais que o Povo Lakota já havia esquecido completamente.

E, mesmo já o povo havendo esquecido os Conhecimentos de Sabedoria, Ela os convidou a entoar cânticos para fazer a Terra Feliz. Melodias, versos e entonações que deveriam ser dirigidas às quatro  direções do Universo. Lembrou também a importância de se praticar a Cerimônia do Cachimbo da Paz, onde homens e mulheres deveriam se reunir para honrar as suas almas, para honrar o próprio grupo e a sua União com o Universo.

A Mulher do Búfalo Branco se despediu indicando-lhes que enquanto fizessem todas estas cerimônias sagradas e cuidassem da Terra, Ela os protegeria. Antes de partir, trouxe do horizonte uma extensa manada de búfalos preto. Eram tantos que as montanhas se cobriram de escuridão e o solo tremia debaixo dos pés. O mundo bombeava novamente uma renovada força frente à chegada desses animais que representava a sobrevivência para os nativos americanos. E, a partir deste dia, o búfalo passou a  fornecer alimento para as pessoas, pele para suas roupas e tendas e ossos para todas as suas ferramentas. Ao partir, a Mulher do Búfalo Branco se despediu dizendo: Eu os verei novamente.

Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta.

– Carl Gustav Jung

O Alquimista Interior

The Potter é um curta metragem de animação de Josh Burton e equipe. Belíssimo e encantador “The Potter” fala para a alma.

Delicadamente nos mostra a grande alquimia que envolve o despertar de habilidades. Sutilmente evidencia a obscuridade de nosso ser, a percepção sutil que revela o alquimista interior, o desejo de instantaneidade e a compreensão de que se faz necessário um trabalhoso processo de aprendizagem, com o coração, para que as habilidades diferenciadas possam se materializar e nos conduzir a uma clara visão.

Vida Maria

O curta metragem “Vida Maria” produzido por Marcio Ramos, Premiado no 3º Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo, nos possibilita muitos e variados olhares.
Elegemos evidenciar o impulso intrínseco da alma em busca de diferenciação. Há algo singular dentro do ser que o impele para o movimento, para as constantes superações. Entretanto, condições desfavoráveis, sobretudo, se nascidas e perpetuadas dentro da linhagem e ancestralidade familiar, podem fazer adormecer o ímpeto e, desta forma, inviabilizar as transformações necessárias. Nestas circunstâncias, determinados comportamentos são repetidos incessantemente, estagnando as possibilidades de renovação. Entretanto, com esforços extraordinários e determinação é perfeitamente possível escapar dos campos gravitacionais gerados pela tradição. Podemos mudar o rumo de nossa existência a qualquer momento. Para tanto, precisamos nos instrumentalizar para que isto ocorra.
Instrumentalizar? Sim. Mediante determinados exercitamentos podemos “baixar no google psíquico” aplicativos que nos possibilitam realizar ações alquimizadoras em nosso destino. Um destes “aplicativos” é o extraordinário arquétipo do aprendiz que deve, necessariamente, sobreviver à inflação produzida pelo conhecimento racional (que acorda em nós o “sabidinho”) e também sobreviver aos efeitos diluentes da tradição sobre a individualidade.
Em Vida Maria podemos observar os dois fenômenos: o arquétipo do aprendiz que renasce a cada nova geração e a sua diluição já em seus primórdios.

Ficha Técnica
Um filme de: Márcio Ramos
CG: Márcio Ramos
Produção: Joelma Ramos
Co-produção: Trio Filmes
Premiado no 3º Prêmio Ceará de Cinema e Vídeo, realizado pelo Governo do Estado do Ceará.

“Quem come da árvore do conhecimento sempre acaba expulso de algum paraíso.”

– William Ralph Inge

“A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.”

– Albert Einstein

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnica, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”

– Carl Gustav Jung

 

A Criação

O autor do vídeo acima parafraseia, de forma instigante, o tema sobre a Origem do Homem constante na Narrativa Cristã de Gênesis. Grande ousadia! Se o fez é porque algo pretendia.
O vídeo foi construído de uma forma primorosa, quer seja em seus personagens, quer seja em sua história. Há nele uma simbólica extraordinária que, uma vez compreendida, se assemelha a um mapa que ilumina o caminho de quem deseja develar alguns dos grandes temas da existência. Por esta razão vamos igualmente ousar.
Vamos iniciar indagando se a história de Adão e Eva não seria uma forma simbólica para nos falar acerca do nascimento e evolução de uma consciência diferenciada no Planeta. E, nesta linha de pensamento, poderíamos nos perguntar sobre a relevância de uma evolução conscencial. Quais seriam as implicações de um desdobramento ou não desta consciência para o Planeta e para o Cosmos? Para discorrer sobre estas indagações, vamos considerar a narrativa imagética do video.

O autor elege como palco para o seu tema um mundo (planeta) muito incipiente, profundamente ancestral, de aparência rústica para nos comunicar “conhecimentos” que subjazem à narrativa oficial. O que pretende nos falar com um cenário desta natureza, cujo primeiro habitante percebido é um réptil? Não seria justamente o grau de consciência e emoção que predominantemente vivemos em nossas vidas cotidianas? E a platéia para quem o Animador apresenta o seu processo de “criação”, após, curiosamente, realizar um ato de reverência é mais instigante ainda, um grupo de rãs. Me pergunto se o autor do vídeo conheceria Heqet – Deusa Egípcia com forma de rã associada à criação e ao nascimento dos homens junto com seu esposo, deus Khnum, o Oleiro Sagrado.
Sob os olhares atentos de sua platéia o Animador apresenta e introduz no Planeta uma outra espécie, um outro ser que passará a fazer parte daquele contexto. Qual a relevância em se inserir um outro ser no Planeta? Seria portador do quê? Agregaria que valor ao mundo no qual foi inserido? O que seria parido, neste momento, com o “nascimento” do ser humano para que o próprio Animador se encarregasse do processo?
É de profunda relevância o fato que desde o princípio da “criação” até a tomada de consciência de si pelo “casal”, o processo é literalmente orquestrado pelo Animador. Por quais razões introduziria em um planeta rústico seres dotados de capacidade pensante, de capacidade discriminativa? Por quais razões semearia seres portadores de consciência diferenciada?
Podemos perceber claramente que o Animador tem uma intenção definida, “sabe” que materializará um labor, basta, observar sua atitude ao iniciar o processo: estrala os dedos como quem se prepara para realizar um trabalho, uma construção com um propósito designado.
Outro ponto de relevância é a transformação física substancial nos corpos do casal após o “comer” da Árvore do Conhecimento. Deixam de ser esboços, deixam de ser marionetes para se tornarem mais complexos, mais consistentes e portadores de uma consciência nascente. Talvez seja esta a alquimia necessária para que o Homem se torne mais apto para dar continuidade, em degrau mais complexo, ao processo de desdobramento da consciência.
E, considerando o Homem como portador e continuador dos desdobramentos da consciência, novamente caímos na questão inicial: qual a relevância da consciência e seus desdobramentos para o Planeta e para o Cosmos?
De conformidade com todos os conhecimentos de Sabedoria, a consciência “acorda”, lança luz na obscuridade, coloca em movimento o que está em estado de potência, gera experiências. O Criador disse em Gênesis: Fiat lux, Faça-se a Luz. E o mundo veio à existência.
E todos podem perguntar: não seria mais interessante o berço cândido e confortável da inércia, de um profundo sono que nos faz ignorar todas e coisas e, por conseguinte, o sofrimento? E todos os sábios ancestrais, em uníssono, nos dizem diante desta indagação: a experiência consciente é a matéria prima da vida, são os fios com os quais o Sagrado tece a continuidade de sua própria existência e o Homem é parte essencial desta tecedura.

Conteúdo Extra – para quem quer entender um pouco mais:

Não podemos deixar de mencionar a semelhança extraordinária do Animador com o Arlequim. Por detrás de sua aparência de tolo ou bufão subjaz o conhecimento dos bastidores de todo o Reino. Sua roupa é revestida de relevante simbólica. Todas as histórias da Jornada do Herói se inicia com o aprendiz na roupagem do louco ou do bufão. Contudo, sua “capacidade criadora”, que vai se revelando aos poucos enquanto realiza a jornada, são as infinitas possibilidades de nossa alma adormecida que enseja o acordar.

Heqet – Esposa do Deus Khnum, o deus que criava os homens em sua roda de oleiro. Heqet, divindade representada por uma rã ou uma mulher com cabeça de rã, estava associada à criação e ao nascimento das pessoas. O casal de deidades materializava a construção e o nascimento dos seres humanos. Como deusa da fertilidade estava associada com os últimos estágios do trabalho de parto.

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